Marcada por bate-boca, sessão de julgamento é suspensa e almoço antecipado

impeachment

Com menos de duas horas do reinício dos trabalhos da sessão de julgamento do processo de impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff, desentendimentos entre os senadores levaram o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, a suspender a sessão duas vezes. Na última interrupção, o magistrado decidiu antecipar o horário do almoço e o julgamento será retomado às 13h.

O primeiro bate-boca começou quando o senador petista Lindbergh Farias (RJ) pediu a palavra e atacou o democrata Ronaldo Caiado (GO) que lhe antecedeceu. “Esse senador que me antecedeu é um desqualificado. O que fez com senadora Gleisi é de covardia impressionante, dizer que tentou aliciar testemunha”, afirmou o petista.

Na sequência, Lewandowski alertou Lindbergh. “Não posso admitir palavras injuriosas dirigidas a qualquer senador. Vou usar meu poder de polícia para exigir respeito mútuo e recíproco.”

Caiado respondeu fora dos microfones. Disse que Lindbergh tem mais de 30 processos no STF e “cracolândia em seu gabinete”. Como o tumulto continuou, o presidente do STF pediu que os microfones fossem desligados e a sessão suspensa por cinco minutos.

A sessão foi retomada com o apelo feito pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que até agora não tinha se manifestado. O peemedebista começou pedindo para que os senadores reduzam as questões de ordem repetidas, mas esquentou o clima ao lembrar da declaração de ontem, feita pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) que provocou o primeiro grande tumulto do dia. Nessa quinta-feira (25), Gleisi disse que o Senado não tinha moral para julgar a presidenta afastada Dilma Rousseff.

“Esta sessão é uma demonstração de que a burrice é infinita. A senadora Gleisi chegou ao cúmulo de dizer que o Senado não tem condição moral de julgar a presidente”, afirmou.

Esquentando ainda mais o ambiente e provocando a reação imediata de petistas, Renan lembrou que Gleisi e o marido, o ex-ministro das Comunicações do governo Dilma, Paulo Bernardo, foram indiciados por corrupção passiva na Operação Lava Jato. Os dois são acusados de receber propina de contratos oriundos da Petrobras.

Renan chegou a afirmar que o Senado estava passando para a sociedade uma imagem de que Lewandowski estava sendo, constitucionalmente, obrigado a “presidir um julgamento em um hospício” e que nenhum dos lados ganharia esta disputa baseada em bate-boca político.

“Como uma senadora pode fazer uma declaração dessa? Exatamente, sr. Presidente, uma senadora que, há 30 dias, o Presidente do Senado Federal conseguiu, no Supremo Tribunal Federal, desfazer o seu indiciamento e do seu esposo”, atacou Renan.

Gleisi foi em direção a Renan afirmando ser mentira, apoiada pelo senador Lindbergh que gritava “baixaria” e que acabou sendo empurrado por Renan. (AB)

1 Comentário

  1. Maria

    26 de agosto de 2016 em 15:42

    Embora a senadora também não tenha moral, o que ela disse foi a mais pura verdade: O senado não tem nenhuma moral para julgar nem a eles mesmo. Atire a primeira pedra quem se acha no direito moral. Tanto o Senado como a Câmara dos deputados teriam era que ser dissolvidos, fazer uma ampla e geral reforma política cortando todas as prerrogativas de até legislar em causa própria, foro privilegiado, determinar que os salários sejam vinculados ao Piso Nacional de Salário para os três poderes. Depois desse novo regramento fazer novas eleições sem os atuais personagens. Aí sim seria o começo de uma mudança de comportamento e respeito no Congresso Nacional. Mas do jeito que está onde não tem um Senador, um Deputado que se possa apontar e dizer que ele é de moral, honesto e ético, é só esculhambação.

Veja também

Petrolina (PE): Revelado nome do homem morto por sobrinho no bairro São Gonçalo

Mais detalhes sobre o homicídio ocorrido no bairro São Gonçalo em Petrolina (PE) foram div…