Vereador de Olinda (PE) chama colega de ‘viado’ durante sessão e presidente da Câmara ameaça abrir denúncia

Um vereador de Olinda (PE), usou termos homofóbicos para se referir a um colega na Câmara Municipal, nesta terça (26). Em sua fala, o vereador Jojó Guerra (PL), chamou o também parlamentar Vinicius Castello (PT) de “viado” durante a 39ª sessão ordinária, que foi transmitida pela internet no canal do Legislativo.

“Como você bem fala e brinca, né? Eu acho que, nesse momento, posso falar isso, se você declara que você é um viado. Eu acho que você ter feito esse papel e ter defendido o que você escolheu, é direito seu. Diferentemente de outras pessoas. Que você como viado mesmo, é muito mais homem”, afirma Jojó Guerra.

Antes de concluir a sua fala, ele foi interrompido e advertido pelo presidente da Câmara, Saulo Holanda (SD), que pediu que o parlamentar tivesse respeito.

Holanda ameaçou abrir uma denúncia contra ele no Conselho de Ética do Legislativo municipal. “O senhor já faltou com respeito na outra sessão. Vou abrir uma apuração Conselho de Ética contra o senhor”, afirmou.

Ao retomar a fala, após o alerta do presidente, o vereador disse, ainda, que foi julgado em sua igreja, a Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco, porque foi dito que ele votou a favor de um projeto de Vinicius Castello.

“As pessoas que são evangélicas, igual a mim aqui, comunicaram ao Jurídico, ao Administrativo, para não colocarem o nome delas. O discípulo do prefeito professor Lupércio [prefeito de Olinda] pegou esse vídeo, levou para o lado dentro da comunidade para dizer que eu tinha votado a favor dos gays, LGBTQIA+, para estarem dentro das igrejas fazendo o que quisessem fazer, se casar, de estar lá frequentando”, disse.

O projeto ao qual Jojó se referiu, segundo Vinicius Castello, não tem nenhuma ligação com qualquer religião. Na verdade, proíbe a discriminação por questões de orientação sexual e de gênero dentro da cidade.

O petista informou que, após a disseminação de notícias falsas e pressão da igreja, ele foi sancionado com vetos do Executivo Municipal.

“O intuito era a gente conseguir implementar política pública no combate à discriminação por essas questões de gênero e sexualidade. Após aprovado, houve alguns vetos, mas esses vetos decorreram de um ataque de ódio direcionado para a minha pessoa, principalmente em páginas de ultradireita, que mentiram informando que eu queria colocar placas LGBTs nas igrejas”, disse.

Vinicius Castello afirmou que Jojó Guerra não tem o direito de se referir a ele da forma que fez. “Por mais que eu fale que eu seja uma pessoa LGBT, por mais que eu fale que seja bicha, viado ou o que for, sou eu falando. Eu não estou dando permissibilidade para que outras pessoas falem também, como se tivessem no direito de falar”, declarou.

Para o petista, existe um ódio que acaba interferindo no seu trabalho. “Há uma seletividade sobre quem pode ou não pautar, pode ou não estar, pode ou não atuar, e isso é algo que eu tenho passado durante esses últimos meses diante de tantos ataques de uma ultradireita. O conservadorismo e a narrativa bolsonarista, infelizmente, atingem a atuação e defesa de todas as pessoas, independentemente de qualquer questão, seja por gênero ou sexualidade”, afirmou.

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