Turbulência emocional vivenciada após a perda de um cachorro é semelhante à de um filho, diz estudo

A morte de Joca, um cão da raça golden retriever após ser extraviado por um erro da Gollog, empresa da companhia Gol, gerou comoção nacional. O impacto da notícia foi maior entre tutores de animais de estimação de todo o país. O fato está cada vez mais ancorado na ideia de que pets são parte da família e novos estudos confirmam essa crença.

Um novo estudo publicado na revista Animal-Human Interactions revela que a turbulência emocional vivida pelos tutores depois que seu animal de estimação foi roubado é como a perda de um filho. Os pesquisadores entrevistaram tutores cujos cães foram roubados e pediram-lhes que descrevessem suas experiências e necessidades.

Para alguns participantes, a perda do pet foi mais intensa do que a morte de um amigo ou parente devido à proximidade do vínculo humano-animal que tinham com seu animal de estimação e que, em alguns casos, não tinham com alguns familiares.

“O estudo fornece evidências do amor intenso pelos cães e da responsabilidade parental dos tutores. Também é mostrada uma consequente sobreposição de sofrimento emocional pela perda desse relacionamento, fornecendo evidências empíricas para formular suporte psicológico e jurídico para esta experiência de luto, atualmente privada de direitos”, disse a autora Akaanksha Venkatramanan, psicóloga assistente da Berkshire Healthcare NHS Foundation Trust, em comunicado.

Sentimentos como tristeza, desespero, desesperança, dor e/ou dormência emocional, juntamente com ansiedade, foram consistentemente relatados no estudo. Essas são as mesmas reações emocionais apresentadas diante da morte de entes queridos humanos. Entretanto, a diferença em como a sociedade vê a morte de pessoas versus os amados animais de estimação gera emoções diferentes nos tutores.

Por exemplo, o sofrimento psicológico dos tutores pode ser agravado pela falta de compreensão da sociedade e das autoridades do quanto um companheiro animal pode significar para alguém. As leis contra roubo de cães muitas vezes só consideram os animais como propriedade roubada, da mesma forma que ter um bem material, como uma bicicleta. Isso limita o apoio que a polícia pode oferecer, pode exemplo.

A situação também pode ser agravada pela forma como o cão foi roubado – seja através da força física ou entrando na casa de alguém sem consentimento. Dadas as evidências de luto semelhantes aos da perda de entes queridos e filhos, os tutores de cães estão suscetíveis a desenvolver problemas psicológicos e atrasar o processamento de seu luto, como transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e transtorno pós-luto, pois existe um real risco de não haver encerramento do evento, principalmente se o cão nunca voltar para casa ou for encontrado morto.

A expectativa é que trabalhos como esse ajudem a contribuir para uma mudança política significativa nos protocolos de aplicação da lei, para torná-los favoráveis às vítimas, introduzindo códigos penais mais severos para pessoas que roubam animais de estimação, para dissuadir os criminosos e ajudar a erradicar completamente esse crime.

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