Nossa família acredita nos valores morais da amizade e empatia, e é convicta de que as pessoas não devem ter preço, mas valor, dispara Lucinha Mota

Em carta enviada ao Blog a mãe de Beatriz, Lucinha Mota desabafou sobre a decepção ao tomar conhecimento que o criminalista juazeirense Wank Remi de Sena Medrado seria o representante legal do suspeito de atrapalhar as investigações do Caso Beatriz, o Alisson Henrique.

Em carta aberta, Lucinha expôs que é conhecedora da lei, e  declara que o advogado em questão não é um profissional qualquer. “Trata-se de um conterrâneo de Beatriz Mota e de sua família , um amigo de infância do pai de Beatriz, pessoa que tínhamos toda consideração e também um vizinho nosso”, indo além “Foi uma desagradável surpresa saber que o nosso amigo estava do outro lado, do lado de quem comprometeu as investigações deste terrível caso, apagando as imagens que revelariam o assassino da minha filha”, acompanhem a carta na integra:

 “Após a revelação que fiz do nome do advogado de defesa do ex-prestador de serviço do Colégio Maria Auxiliadora, que apagou as imagens do brutal assassino da minha filha Beatriz Mota, ocorrido dentro da instituição religiosa de ensino, a Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção Juazeiro e a Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (ABRACRIM), Regional Norte da Bahia, emitiram nota de apoio e solidariedade ao criminalista juazeirense Wank Remi de Sena Medrado, que representa Alisson Henrique.

Uma manifestação esperada, em se tratando de órgãos de classe que precisam se posicionar em defesa de um colega de profissão, ao que se pode chamar de corporativismo.

Compreendo a atitude destes órgãos e de alguns advogados que consideraram minha manifestação durante o protesto realizado em frente ao Tribunal de Justiça do Pernambuco (TJPE), em Recife, na manhã da última quarta (12), de injusta e desnecessária.

Quero aqui esclarecer à população sanfranciscana e, principalmente a categoria dos profissionais do Direito, que sou sabedora do que prevê a Constituição Federal, no seu art. 5º, inciso LV, quando assegura o contraditório e a ampla defesa aos acusados de quaisquer crimes. Sei também que a figura do advogado é indispensável à administração da justiça.

Contudo, justifico o meu desapontamento e desabafo, declarando que o advogado em questão não é um profissional qualquer. Trata-se de um conterrâneo de Beatriz Mota e de sua família , um amigo de infância do pai de Beatriz, pessoa que tínhamos toda consideração e também um vizinho nosso.

O crime que vitimou Beatriz Mota abalou Juazeiro e o Vale do São Francisco e a população foi empática com nossa dilacerante dor.

É preciso distinguir o que é legal, do que é moral. E é neste ponto que ancoro o meu desabafo. Foi uma desagradável surpresa saber que o nosso amigo estava do outro lado, do lado de quem comprometeu as investigações deste terrível caso, apagando as imagens que revelariam o assassino da minha filha.

Não fui desrespeitosa, nem injusta. Apenas mencionei o nome do advogado de defesa de Alisson Henrique, uma  informação que é pública, e expus minha perplexidade por ser ele o representante de um dos nossos algozes.

Nossa família acredita nos valores morais da amizade e empatia, e é convicta de que as pessoas não devem ter preço, mas valor.

Amizade é um sentimento de lealdade, de proteção e desde que esta tragédia se abateu em nossas vidas, que os amigos nos amparam e lutam conosco por justiça. Outros advogados, mesmo os que nunca tiveram contato pessoal com nossa família, não aceitaram esta causa. A causa de defender o lado oposto ao de Beatriz.

Reconheço e agradeço o apoio que recebemos da OAB Juazeiro, na pessoa de Dr. Aderbal Vargas e sua diretoria, que promoveu uma audiência pública pedindo providencias para o caso e criado uma comissão especial para acompanhar as investigações.

Mas reafirmo: Hoje, o meu desapontamento em relação ao advogado Wank Medrado é o mesmo de ontem e permanecerá, por uma questão de princípios, o que é um código bem particular.

Não desejamos para ninguém a dor que carregamos desde o dia 10 de dezembro de 2015, nem para o pior inimigo, caso tivéssemos. Mas, invertendo os papéis, posso afirmar com toda segurança que, se eu ou meu esposo fossemos advogados, jamais aceitaríamos representar qualquer implicado no assassinato cruel de uma criança de 7 anos, vitimada com 42 facadas. Ainda mais se tratando de uma filha da cidade em que nascemos e constituímos vínculos afetivos, mais ou menos próximos.

Mas isso é uma questão de princípios, o que é um código bem particular.

O importante é que DEUS, nossos verdadeiros amigos e toda uma gente do bem, estão do nosso lado, do lado da   Justiça.

“Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e, então, dará a cada um segundo as suas obras” (Mateus 16:27)”.

 Lucinha Mota, mãe de Beatriz Angélica Mota

Fechado para comentários

Veja também

Juazeiro (BA): Flanelinha é assassinado a facadas no Arco da Ponte

Na manhã desta segunda-feira (29) um flanelinha que trabalhava lavando carros no arco da p…