Mercado de trabalho no Brasil registra o pior resultado em 24 anos

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O Brasil fechou 1,542 milhão de empregos formais em 2015, o pior resultado desde 1992, ano em que Fernando Collor de Mello foi defenestrado do poder por corrupção. Com a destruição dessas vagas, o mercado de trabalho retornou aos níveis de 2012. Somente em dezembro, 596,2 mil pessoas foram demitidas. Os poucos que conseguiram driblar a crise foram obrigados a aceitar salários menores. O rendimento médio de admissão caiu 1,64% em relação a 2014, de R$ 1.291 para R$ 1.270.

As perspectivas são ainda piores para 2016. Com o aprofundamento da recessão — o Produto Interno Bruto (PIB) cairá quase 4% pelo segundo ano consecutivo — e a manutenção da inflação próxima de 10%, os analistas projetam demissões de 2 milhões de pessoas. Os cortes deverão ser liderados pelo comércio e pelo setor de serviços, que empregam 27 milhões de trabalhadores. Será mais um ano trágico para as famílias, que sofrem para fechar as contas do mês.

“Estou desesperada”, afirmou Ana Carolina Alves, 36 anos, que está sem trabalho desde novembro passado. “Não estou escolhendo nada. Aceito qualquer salário. Minhas contas estão atrasadas”, completou. Ela ganhava R$ 1 mil como atendente de telemarketing. Cristiane Cardoso, 38, também não esconde a angústia. Demitida em dezembro, não sabe o que será de seu futuro. “Sou formada em administração, tenho MBA, trabalho desde os 16 e nunca tinha ficado desempregada. Tenho qualificação, e ficar parada é péssimo para mim”, afirmou.

O fechamento de vagas com carteira assinada atingiu quase todos os setores da economia, segundo o Cadastro Geral de Empregados e de Desempregados (Caged). A indústria de transformação foi a que mais demitiu (608,8 mil), seguida pela construção civil (416, 9 mil), pelos serviços (276 mil) e pelo comércio (218,6 mil). Somente a agricultura teve desempenho positivo: abriu 9,8 mil postos.

Desespero

Apesar dos números ruins, o ministro do Trabalho e da Previdência Social, Miguel Rosseto, se disse otimista. “Tivemos redução de empregos e da média de salários de admissão, mas as conquistas dos últimos anos foram preservadas por conta do aumento real do salário mínimo e do nível do estoque de vagas, que está superior ao de 2012,” afirmou.

Carlos André Lima, 32, no entanto, não vê motivo para o tom positivo de Rosseto. Desempregado desde setembro do ano passado, ele acredita que o governo é o principal responsável por todas os problemas que está enfrentando. “Nunca imaginei passar por tanta dificuldade”, disse. Carlos ganhava R$ 2 mil, renda suficiente para sustentar as três filhas. “Mas, agora, está impossível”, enfatizou.

Para o professor Helio Zylberstajn, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), não há como esperar uma melhora do mercado de trabalho tão cedo. No entender dele, está faltando um elemento básico para que o país saia do atoleiro em que se encontra: confiança. Sem isso, os investimentos produtivos, que criam empregos e ampliam a renda, continuarão retraídos, a recessão vai se prolongar e o desemprego, aumentar.

O ministro do Trabalho da Previdência acredita que, com o pacote de medidas que o governo deve anunciar na próxima semana, o empresariado voltará a investir e a contratar. Os especialistas, porém, mantêm o pessimismo. Segundo o economista Mansueto Almeida, especialista em contas públicas, a tendência é de piora no mercado de trabalho, o que contribuirá para aumentar o rombo do sistema previdenciário, já que diminuirá o número de contribuintes. Pelas contas do consultor Rodolfo Torelly, 2016 começou muito ruim. “Em janeiro, 100 mil vagas devem desaparecer”, previu. (Correio Braziliense).

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