Jogo eleitoral: Candidatos terão menos tempo para debater propostas

eleição 2016

Começa a valer neste ano um conjunto de novidades nas regras do jogo eleitoral que vão exigir atenção não só dos políticos, mas também da sociedade. Em meio aos principais pontos merecem atenção a redução no tempo de campanha e as restrições à publicidade. Mudanças que se por um lado deixam o pleito mais limpo aos olhos e ouvidos dos transeuntes, por outro vão requerer mais esforço para ver e conhecer os candidatos, principalmente os que concorrem ao cargo de vereador. Na avaliação do cientista político Afonso Chaves, há riscos de uma “perda” na medida em que se limita a aparição de novos nomes e o espaço para a que a sociedade faça comparações e avalie os postulantes a um cargo público.

O estudioso cita o processo eleitoral dos EUA, onde há uma pré-campanha oficial. “Antes da eleição há um tempo para a escolha dos candidatos que envolve uma discussão enorme e deixa o eleitorado mais perto dos políticos. Aqui, vamos na contramão quando deveríamos ampliar. Quem se beneficia são os que já estão no poder porque vestiram a propaganda governamental por quatro anos”. Mais pontualmente, a campanha que antes estava na rua por 90 dias agora ficará por 45. Placas e pinturas foram reduzidas de quatro metros quadrados para meio metro quadrado. O tempo do guia de rádio e TV também diminuiu em dez minutos e os vereadores só vão aparecer nas inserções.

Mesmo entre os que vão disputar a reeleição, há preocupação. “Se for contar só com a propaganda formal, vai acabar a eleição e tem gente que nem sabe que você foi candidato. Para quem é vereador com votação em um bairro pode ser mais fácil, mas meus votos são pulverizados. Essa vai ser uma eleição das mais disputadas. Fazem as mudanças para experimentar com os vereadores e prefeitos e se der certo usar com os deputados depois”, declarou o vereador Jurandir Liberal (PT).

Para o vereador Eriberto Rafael (PTC), a solução é investir na internet, mesmo sabendo das limitações. “A internet é limitada. Tem um público que se atinge, mas não vai muito além. A questão é a rua. Vamos ter uma campanha mais limpa e até mais barata, mas mostrar nosso número vai ficar complicado”.

O advogado e especialista em direito eleitoral Márcio Alves pontua que muitas dessas reformas foram resultados de críticas sociais, como os cavaletes nas ruas, que impediam a passagem ou a poluição visual. “A legislação se aperfeiçoa na medida em que ouve a sociedade”. Ele citou como exemplo positivo desta minirreforma, um aumento da transparência. “O que se observa é que todas as reformas que têm ocorrido visam mais transparência. Nessa eleição será necessário que os candidatos divulguem em até 72 horas, na internet, cada uma das doações, com nome e CPF do doador”. (DP).

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