Estupros aumentam 8,4% em um ano; casos chegam a mais de 60 mil no país

A situação da violência no Brasil se agrava a cada ano e atingiu um novo recorde: em 2017, foram registrados 63,8 mil homicídios no país. Um aumento de 2,9% em relação ao ano anterior. Isso representa 175 casos por dia. Para as mulheres, o número é ainda pior. Foram 60 mil ocorrências de estupro — aumento de 8,4%. E 221,2 mil de violência doméstica, o que representa 606 casos por dia.
Os dados foram divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública ontem. As maiores taxas de violência foram registradas no Rio Grande do Norte — 68 para cada 100 mil habitantes —; no Acre,  63,8; e no Ceará, 59,1. As menores foram registradas nos estados de São Paulo (10,7), Santa Catarina (16,5), e Distrito Federal (18,2).
De acordo com o sociólogo da Universidade de Brasília (UnB), especialista em violência social e segurança pública, Antônio Flávio Testa, analisar o índice expressivo de violência no país não é tão simples. “Temos diversas causas para homicídios hoje em dia, desde narcotráfico, acerto de contas, até crimes passionais”, comentou. Mas o Brasil vive um surto na segurança pública, principalmente em regiões do Nordeste, onde o Estado não se faz presente. “No Ceará, por exemplo, o crime organizado tomou conta e a população vive refém das facções”, analisou.
Sobre os casos de violência contra a mulher, Testa afirma que os dados sempre foram alarmantes. Além do estupro e violência doméstica, o estudo registrou 1,1 mil feminicídios. “O Brasil mata 5 mil mulheres por ano. De 1980 a 2014, foram assassinadas 90 mil mulheres. Temos um problema estrutural quando falamos de crimes contra o sexo feminino”, avaliou.
Ao todo, 367 policiais militares foram mortos em serviço, o que representa um assassinato por dia — redução de 4,9% em relação a 2016. No entanto, 5,1 mil pessoas foram mortas em intervenções militares ao longo do ano, aumento de 20%, Nesse caso, foram registrados 14 mortes por dia.
 
Armas e gastos
De acordo com o estudo,  119,4 mil armas de fogo foram apreendidas em 2017. Sendo que 94,9% delas não estavam cadastradas no sistema da Polícia Federal (Sinarm), e 13,7 mil eram legais, mas foram perdidas, extraviadas ou roubadas.
Sobre os gastos, o estudo informou que o país investiu R$ 84,7 milhões em segurança pública, ou seja, R$ 408,13 por cidadão. Do total, a União investiu R$ 9,7 bilhões (alta de 6,9%), os municípios gastaram R$ 5,1 bilhões (redução de 2%), e os estados e o Distrito Federal, R$ 69,8 bilhões (variação de 0,2%).
Para o consultor de segurança José Vicente da Silva, o principal problema da violência no Brasil não é o investimento, mas a falta de uma coordenação política abrangente, que sustente um programa amplo de contenção. Ele ressalta que o aparato de resposta ao crime no país tem problemas desde o instrumento legal até o judiciário e o policiamento nas ruas.
Silva afirma, entretanto, que essa deficiência é agravada pelas dificuldades sociais do país, que sofre com problemas na educação, saúde e saneamento básico. “Quando você tem dificuldades tão grandes quanto as nossas, a resposta à violência precisa ser melhor, com um judiciário mais ágil e leis penais melhores”, informou.
A corrupção não fica fora da lista de fatores que contribuem para o índice recorde de violência. O consultor de segurança explica que países com alto nível de corrupção tendem a ter grandes índices de violência. “A fragilidade da impunidade não vale apenas para o estuprador, mas também para os corruptos. A corrupção está na lista de características de países com muita violência”, disse.
63,8 mil
mortes violentas intencionais em 2017
2,9%
Crescimento dos homicídios
em relação a 2016
60 mil
estupros registrados
606
casos de violência doméstica acontecem por dia
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