Em ritmo de Carnaval e manifestações culturais brasileiras, cerimônia encerra Jogos Olímpicos

Fireworks explode at the start of the closing ceremony of the Rio 2016 Olympic Games at the Maracana stadium in Rio de Janeiro on August 21, 2016. / AFP / Yasuyoshi Chiba

Como diz a música de Tom Jobim, “tristeza não tem fim, felicidade sim”. A contagem regressiva em homenagem a Santos Dumont anunciava neste domingo (21) que era hora de o maior evento esportivo do mundo decolar de um dos dois aeroportos da Cidade Maravilhosa para uma viagem de quatro anos rumo ao Japão, em Tóquio-2020. Depois de receber em sequência, num intervalo de dois anos, uma Copa e a 31ª edição dos Jogos Olímpicos — como os Estados Unidos no Mundial de 1994 e Atlanta-1996 — o Brasil recorreu mais uma vez à música para se despedir das 207 nações que competiram durante 19 dias, a contar da estreia do futebol feminino, no último dia 3. E matar o país de saudade — um conceito que só existe na língua portuguesa.

Martinho da Vila e filha Mart’nália, interpretaram “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro, anunciando um carnaval fora de época no Maracanã. Não adiantou cantar “mas mesmo assim foges de mim” para a Rio-2016. A dispersão dos Jogos tinha de continuar na improvisada Marquês de Sapucaí com direito a Roberta Sá interpretando Carmem Miranda, samba, frevo e muita música regional produzidos pela carnavalesca Rosa Magalhães, hexacampeão do carnaval carioca. Estrelas do show, os atletas pisaram na arena ovacionados pelo público.

Dancers perform during the closing ceremony of the Rio 2016 Olympic Games at the Maracana stadium in Rio de Janeiro on August 21, 2016. / AFP / Ed JONES

Protagonista de duas pratas e um bronze na canoagem, Isaquias Queiroz foi o mais festejado pelo público. Precisou até parar para tirar selfies. O baiano foi escolhido porta-bandeira da

delegação do Brasil. Usain Bolt, ouro nos 100m, nos 200m e no revezamento 4 x 100m, deixou o Rio como um raio e foi o principal desfalque durante a entrada dos heróis olímpicos. Logo ele, dono de uma coleção de nove medalhas de ouro em Pequim-2008, Londres-2012 e Rio-2016. Sentados, os atletas se emocionaram ao som de “Mulher Rendeira”, de “Asa Branca” e de Lenine ao som de “Jack Soul Brasileiro”.

Mas não houve emoção maior para os atletas do que rever as conquistas. A cada imagem de medalha brasileira a plateia protagonizada gritos ensurdecedores. A projeção do golaço de falta de Neymar na decisão do futebol masculino, no Maracanã, só perdeu para a histeria causada pelos títulos de Isaquias Queiroz, Michael Phelps e Usain Bolt. A Rio-2016 quebrou a tradição de a chegada da maratona ser no estádio olímpico, mas o COI manteve o protocolo de entregar as medalhas na cerimônia de encerramento. O presidente Thomas Bach e Sebastian Coe premiaram o queniano Eliud Kipchoge (ouro), o etíope Feyisa Lilesa (prata) e o norte-americano Galen Rupp (bronze), vencedores da prova disputada ontem, com chegada no Sambódromo.

O COI também fez homenagens a atletas, entre elas, a russa Yelena Isinbayeva, que foi impedida de competir no Rio por causa de doping. Em entrevista no Brasil, na última sexta-feira (19), a bicampeã olímpica no salto com vara anunciou a aposentadoria.

Japão

A saudade bateu mais forte quando o Rio entregou a bandeira olímpica às mãos de representantes do governo

Dancers perform during the closing ceremony of the Rio 2016 Olympic Games at the Maracana stadium in Rio de Janeiro on August 21, 2016. / AFP / Luis Acosta

de Tóquio, sede dos Jogos de 2020. E os japoneses deram uma bela amostra grátis do que planejam para daqui a quatro anos, focando principalmente na cultura dos games do país, tendo personagens como Hello Kitty e Super Mario como estrelas em uma apresentação que terminou com a mensagem em inglês: “Vejo vocês em Tóquio”.

Depois de uma homenagem ao artista Burle Marx e da tocante interpretação de “Pelo Tempo que durar”, de Mariene de Castro, com efeito visual de chuva. E a chama dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 se apagou na belíssima mandala do Maracanã. Para encerrar a festa, Cidade Maravilhosa e escolas de samba encerraram o carnaval fora de época.

Vaias ao prefeito do Rio e gafe de Nuzman

The president of the Olympic Committee of Brazil and Rio 2016 Organising Committee for the Olympic Games, Carlos Arthur Nuzman delivers a speech next to the International Olympic Committee (IOC) President Thomas Bach (C) during the closing ceremony of the Rio 2016 Olympic Games at the Maracana stadium in Rio de Janeiro on August 21, 2016. / AFP / PHILIPPE LOPEZ

A parte política da cerimônia de encerramento teve vaias ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, e um discurso emocionado do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman. “O melhor lugar do mundo é aqui, no Rio. Convido a todos para celebrar essa grande vitória. Os Jogos do Rio ficarão para sempre na memória e no coração dos homens, mulheres e jovens que foram tocados pela chama olímpica”, discursou.

Emocionado, Nuzman cometeu uma gafe ao fim do discurso e esqueceu de convidar o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, a assumir o púlpito. “Parabéns, cariocas, nós os amamos”, iniciou o alemão, em português. “A alegria de vocês aqueceu os nossos corações. Nós continuaremos com vocês mesmo depois dos Jogos do Rio. A história vai falar do Rio antes e depois dessa Olimpíada”, disse, arrancando aplausos de pé quando agradeceu a presença dos atletas refugiados nos Jogos.

Pelé saúda os súditos

Depois de recusar o convite do Comitê Rio-2016 para acender a pira olímpica na cerimônia de abertura por causa

A photo shows the cauldron with the Olympic flame extinguished during the closing ceremony of the Rio 2016 Olympic Games at the Maracana stadium in Rio de Janeiro on August 21, 2016. / AFP / MANAN VATSYAYANA

de problemas de saúde, Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, se manifestou nas redes sociais saudando os súditos que ficam e os que deixaram o país. “O nosso papel de anfitriões orgulhosos da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos está chegando ao fim. O Brasil recebeu o mundo de braços abertos e mostrou para todos o nosso modo especial de vida — tanto no trabalho quanto na diversão. Houve momentos inesquecíveis de habilidade e espírito esportivos — bem como alguns transtornos e surpresas ao longo do caminho. Eu também esperei minha vida inteira para ver o Brasil ganhar uma Medalha de Ouro no futebol e agora meu sonho se tornou realidade. Desejo a todos uma boa viagem de regresso e por favor, venham nos visitar novamente em breve”. (CB)

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