Em nota, comitê denuncia possibilidade de rompimento de barragem em Jacobina (BA)

No dia 17 de dezembro de 2020, pela tarde, aconteceu na FEPPAJAH, um debate popular sobre as barragens de rejeito da mineradora Yamana Gold, mas para nos situarmos em relação a esse debate, é importante relatar alguns fatos que influenciaram para que esse debate ocorresse.

Desde 2006, a dita empresa atua no município de Jacobina, ano em que também foi dado início a construção da segunda barragem de rejeito (B2). Antes dessa empresa canadense, a B1 foi construída por outras empresas (e que hoje é um grande passivo ambiental), sendo que as duas mantém contato uma com a outra. É de conhecimento público que a Yamana Gold pretende aumentar a sua produção ano que vem, e que a B2 vai ter uma altura máxima de 126 metros e que está na sua 5ª etapa de alteamento, de um número de 7. Segundo dados, a B2 terá capacidade para mais de 42 milhões de toneladas de rejeito.

No dia 02 de dezembro deste ano, por volta das 14h. aconteceu um deslizamento de material que é utilizado para construção do talude da barragem B2. A informação que veio à público, primeiramente, não saiu do setor de comunicação da Yamana Gold, mas sim, de cidadãos preocupados com a segurança da sua comunidade. As fotos do “incidente” foram publicadas na rede social Instagram. De fato, a empresa mineradora só comunicou o ocorrido às autoridade públicas depois de 4 horas. Os relatórios com maiores informações saíram no dia 03 de dezembro, como o subscrito pelo Promotor Pablo Almeida, do Ministério Público, e do professor Gustavo H. Negreiros, da UNIVASF.

Passados oito dias do deslizamento do material, na madrugada do dia 09 para o dia 10 de dezembro, fomos surpreendidos com outra notícia preocupante: em três bairros (Jacobina 1, Jacobina 3 e Índios) houve dois tremores de terra na magnitude de 3.2 e 3.0 na escala Richter. Sabe-se que tremores de terra podem afetar “o paredão” de barragens de rejeito, à exemplo da B2. A Yamana Gold não possui uma estação de monitoramento para esse tipo de situação. A estação mais próxima que se encontra é no município de Mundo Novo. O próprio MP-BA requisitou que a empresa instalasse essa estação de monitoramento num prazo de 120 dias. Ai são informações que dá para nos situarmos em relação a atividade da mineradora Yamana Gold, mas, deixemos também registrado, o angustiante e preocupante fato de que nossos recursos hídricos que abastecem a população local, já vem sendo contaminados com os insumos do processo de beneficiamento.

Esse tipo de situação que ocorre com as barragens da Yamana Gold aqui não é um caso isolado. Lembremos do que aconteceu em Mariana e em Brumadinho, Minas Gerais, onde muitas pessoas perderam suas vidas devido a sede de lucro da Vale e da Samarco. Crimes, que colocam em xeque o modelo de exploração mineral que usamos no Brasil. É a lógica do lucro em detrimento da vida de pessoas e da vida do meio ambiente.

Então, os representantes da sociedade civil organizada, como ASPAFF (Chapada Norte); Associação dos Condutores Ambientais e Guias de Itaitu (AGAGI); o movimento Salve as Serras (SAS); a CPT (Centro Norte – Diocese de Bonfim); Ciganos da etnia Sinti; o Núcleo Científico de Produção em Natureza (NCPN); a Unidade Popular (UP); estudantes, professoras e artistas, decidiram fundar o Comitê Popular de Luta Pela Vida, entidade que tem o objetivo de lutar pelo meio ambiente, pela fiscalização, pelo desenvolvimento de uma economia alternativa local, que garanta o emprego das pessoas da cidade de maneira segura. Não é de hoje que especialistas já apontaram que a barragem B2 é uma “Bomba Relógio”.

Nesse sentido, é grande a necessidade de mais pessoas se somarem a esse Comitê, que é a favor da vida e não do lucro. Tem-se a prioridade de organizar os bairros, em especial os que estão na rota do rejeito.

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