Boate Kiss: Defesa de réu usa carta psicografada de vítima para pedir absolvição

A advogada Tatiana Borsa, que defende do músico Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira que segurava o artefato pirotécnico na Boate Kiss, exibiu nesta quinta-feira durante o júri um vídeo de uma carta supostamente psicografada por uma das vítimas do incêndio.

O recurso usado pela defensora durante sua sustentação suscitou críticas nas redes sociais. Incomodados, alguns familiares presentes no julgamento deixaram o local no momento. Borsa pediu a absolvição de seu cliente, a exemplo das defesas de Mauro Hoffmann, sócio-proprietário da Kiss, e Luciano Bonilha Leão, assistente de palco da banda.

Já os advogados de Elissandro Spohr, também sócio da boate, solicitaram a desclassificação do dolo eventual – quando o agente assume o risco do delito. A ideia é que o juiz defina crime e pena, e não jurados.

Ao final de sua apresentação, Borsa mostrou trecho de uma gravação com uma suposta mensagem de Guilherme Gonçalves, uma das 242 vítimas da tragédia em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. A carta teria sido psicografada e consta no livro “Nossa nova caminhada” que reúne mensagens de sete jovens mortos no incêndio. A obra, lançada por pais das vítimas, foi incluída nos autos do processo.

A mensagem exibida sugere que os familiares lembrem que os “responsáveis também têm famílias e não tiveram qualquer intenção quanto à tragédia acontecida” e classifica o ocorrido como uma “fatalidade”. Também aconselha a “aceitar as determinações divinas”.

“Até hoje estão procurando uma justificativa para a tragédia de Santa Maria que me vitimou e diria que fez não só o Brasil chorar, como também muitos pais”, diz. “Ao invés de concentrar tanto nosso pensamento procurando por culpados, os convido a orarmos junto por todas as vítimas e seus afetos enlutados”, conclui.

A advogada pediu a absolvição de Marcelo argumentando que ele confiava no assistente da banda, que era responsável por cuidar da pirotecnia. Borsa alegou ainda que seu cliente nunca teve intenção de matar outras pessoas. Ela foi a segunda defensora a falar nesta quinta-feira durante o nono dia do júri, o mais longo da história do Judiciário gaúcho.

A Promotoria defende a condenação dos quatro réus e sustenta que tanto o uso do artefato em espaço fechado como a lotação da casa noturna configuram crimes de homicídio e tentativa de homicídio com dolo eventual. O resultado com as sentenças dos réus está previsto para sair nesta sexta-feira.

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