Ausência de vereadores em audiência pública expõe desinteresse

A desatenção aos agricultores familiares foi expressa em números na sexta-feira (9), data da audiência pública na Câmara de Vereadores de Petrolina, no interior de Pernambuco, para debater o funcionamento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), considerado importante pela categoria. Pelo menos essa é a análise da presidente do Sintraf, Isália Damacena, ao comentar a ausência de parlamenteares e membros do Poder Executivo local durante a sessão.

Segundo expectativa da líder sindical ao solicitar a audiência, eram esperados, além dos 23 vereadores, representantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Agrário, da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SEDESDH). Desses convidados, apenas seis vereadores efetivaram presença na Casa Plínio Amorim. Embora a metade deles tenha se ausentado até o final da sessão. A prefeitura não mandou representantes.

“[As ausências] nos deixam ainda mais preocupados porque estamos aqui debatendo políticas públicas importantes para a sobrevivência dos homens e mulheres do campo em Petrolina. Fico indignado com uma situação dessa. Não só pela ausência dos vereadores, mas também pela falta do Poder Público, que é o responsável por dar as respostas que nós queremos e de dizer aos agricultores familiares o motivo de essas políticas públicas não estarem funcionado”, criticou Isália.

O número mais expressivo de participantes na Câmara ficou a cargo dos próprios agricultores, que mesmo com o baixo quórum, expuseram suas preocupações. Foi o caso do produtor do Núcleo 6 do Projeto Senador Nilo Coelho, Jadiel Barros. Originário de família agrícola, ele é um dos 35 agricultores do N6 aptos a participar do Programa de Aquisição de Alimentos. Segundo Jadiel, em 2016, o PAA injetou na comunidade R$ 600 mil, mas agora, com a paralisação do programa, a situação ficou difícil.

“Nossas crianças nas escolas poderiam ter acesso a uma alimentação melhor, a produtos de qualidade oriundos de nós produtores, mas infelizmente estão consumindo produtos industrializados ou, se não, comendo alimentos do mercado do produtor de outros estados”. O agricultor continua. “Se está chegando melancia, banana e outros produtos a elas, não está vindo de nós produtores”, completou.

O PAA foi relançado em fevereiro deste ano e, de acordo com os agricultores, até o momento não foi executado. “Já entramos no mês de junho, logo começa o segundo semestre e os nossos representados correm o risco de terem prejuízos”, critica a presidente do Sintraf.

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