Aliados de Temer receberam 40% a mais em emendas para barrar denúncia por Edenevaldo Alves Postado em 27 de outubro de 2017 Os deputados que votaram para barrar a denúncia contra o presidente Michel Temer na última quarta-feira (25) receberam em média 40% a mais em emendas parlamentares do que os demais. O poder Executivo é quem regula as emendas, que são propostas apresentadas pelos deputados para atender às bases eleitorais com projetos como a construção de uma escola ou ponte. Levantamento mostra que o Planalto pagou em média, R$ 2,6 milhões em emendas para os deputados que bloquearam a investigação contra Temer. O período considerado começa em agosto, quando a primeira denúncia foi barrada. Os que votaram pela continuidade da apuração receberam R$ 1,9 milhão no período, diferença de 40%. A oposição afirma que o governo tem usado liberação de emendas para garantir votos no Congresso. Os governistas ganharam R$ 865 mil a mais que os demais, em média. Até então, a liberação de recursos para os dois grupos não divergia significativamente. Outro lado O governo afirmou, por meio de nota oficial, que não há “relação entre liberação de emenda e o voto parlamentar. Prova disso é que emendas foram empenhadas tanto para deputados da oposição quanto da base aliada, em valores equilibrados”. O governo não comentou especificamente sobre a diferença de 40% em favor aos que votaram com o governo. Além disso, o posicionamento do governo usa como critério o “empenho” das emendas, etapa orçamentária em que o Executivo apenas promete que poderá fazer a liberação do recurso, não o pagamento efetivo das emendas. A gestão Temer diz que se baseia em critérios técnicos para distribuir os recursos. E ressalta que desde 2015 o Executivo não pode mais congelar as verbas para emendas -ele pode, porém, definir o ritmo das liberações. Os campeões Entre os 50 deputados que mais receberam emendas nos últimos três meses, 35 votaram para barrar a investigação contra o presidente. Na outra ponta, entre os 50 que menos receberam, o apoio foi de 22 parlamentares. A maior variação percentual dentro dos partidos rachados ocorreu no PSD. Os 20 governistas ganharam 295% a mais do que os outros 18 (R$ 3 milhões ante R$ 760 mil).