Polícia Civil investiga casos de intolerância religiosa em Juazeiro (BA)

A Polícia Civil está investigando dois ataques de intolerância religiosa sofridos em menos de um mês por terreiros de candomblé na cidade de Juazeiro (BA). Os atos foram denunciados por entidades e órgãos locais que repudiam tais manifestações.

O primeiro local a sofrer o ataque foi o terreiro Oyá Gnan, liderado por mãe Adelaide, no bairro do Quide, que de acordo com as denúncias, desde 2015, constantemente é alvo de apedrejamentos.

A consequência é perda do telhado e vários objetos existentes no seu interior, além de representar perigo para seus habitantes que reclamam da insegurança.

Em nota, a União de Negras e Negros Pela Igualdade (Unegro) de Juazeiro repudiou as agressões, destacando que qualquer expressão de intolerância é uma prática bárbara “que deve ser extirpada da sociedade, se queremos civilização em sua forma mais plena”.

Com 221.733 habitantes em 2017, segundo estimativa do IBGE, Juazeiro tem 80% da população de negros e pardos auto declarados, “fato que não deveria permitir o fortalecimento e manutenção de práticas racistas e de intolerância”, segundo a nota, que pede a identificação e punição dos responsáveis.

Reincidência

Presidente da Unegro Juazeiro/BA, Queila Santos, enfatizou que até mesmo no dia em que várias pessoas se reuniram no local para debater o problema, foram arremessadas pedras sobre o telhado da casa. “Além das pedradas, há duas semanas roubaram a câmara de segurança que foi instalada para identificar os agressores”, disse.

No mês de junho o terreiro Abassá Caiangô Macuajô, em fase de implantação no bairro Sol Nascente, foi alvo de apedrejamento e teve objetos sagrados destruídos. Em uma tábua de construção os agressores deixaram aviso que da próxima vez vão “derrubar a casa”.

A Rede Sertão do São Francisco de Combate ao Racismo Institucional criticou as ações de intolerância em nota assinada por 15 entidades e órgãos.

Nela, cobra ações das autoridades e pede mobilização para soluções que assegurem integridade ao povo de santo, o direito de livre expressão de culto, como garantido na Constituição brasileira.

Diretora de Diversidade da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Igualdade Social, Luana Rodrigues, afirmou que além das notas de repúdio e dos registros policiais, os casos foram levados ao Ministério Público (MP-BA) “para que de fato as pessoas sejam responsabilizadas e estas ações de desrespeito não se repitam”.

A delegada Lígia Nunes coordena as investigações e sua equipe está analisando imagens de câmeras de segurança instaladas próximas aos lugares atacados, para identificar as pessoas envolvidas.

Testemunhas foram convocadas a prestar depoimentos. Depois de concluídos os inquéritos, também serão encaminhados ao MP-BA, para que cheguem na Justiça Criminal. (A Tarde).

Fechado para comentários

Veja também

Bíblia completa em áudio é lançada pelas Testemunhas de Jeová

No ponto de ônibus, Taís aguarda o transporte público, ansiosa pelo tempo que terá que esp…