UNEB em greve: Vereadores de Juazeiro se comprometem a intermediar diálogo com governo estadual

Durante audiência pública realizada na terça-feira (16) na Câmara Municipal, os vereadores de Juazeiro se comprometeram a intermediar um diálogo entre o Governo do Estado e os grevistas da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), que desde o dia 9 de abril paralisou as atividades por tempo indeterminado. A reunião pública discutiu a greve a partir das demandas e reivindicações de estudantes e professores do Campus III, em Juazeiro.

A mesa da audiência foi composta por Alex Tanuri (PSL), presidente da Câmara; Charles Leal (PDT), primeiro secretário; Aníbal Araújo (PTC), segundo secretário; os discentes Iasmin Monteiro, representante do Departamento de Ciências Humanas (DCH) e Ericles Nunes, representante do Departamento de Tecnologias e Ciências Sociais (DTCS); e Luiz Eduardo Gomes do Nascimento, professor do curso de Direito, representando o corpo docente do Campus III.

Na reunião, o estudante do curso de direito Ericles Nunes reforçou os principais pontos de reivindicação dos docentes que levaram à deflagração da greve. “O movimento grevista reivindica por mais autonomia financeira e administrativa da universidade, a continuidade da pesquisa e da extensão, o fim do contingenciamento de recursos promovido pelo governo, e o repasse de 7% das receitas líquidas de imposto”, disse.

Ele reforçou seu discurso apresentando trechos da Constituição do Estado da Bahia, que trata, em seu artigo 262, dos objetivos das instituições estaduais de ensino superior, que devem ser mantidas integralmente pelo Estado, e que estabelece que essas instituições devem gozar “de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial”.

“Há reivindicação (em virtude) de um descumprimento da norma que deve nortear toda e qualquer lei que se produza no estado da Bahia. É preciso que o estado nos ouça. O sucateamento constitui desumanidade e insensibilidade”, completou o estudante.

A discente do curso de Jornalismo, Iasmin Monteiro, fez a leitura de uma carta elaborada pelos estudantes dos cursos do Campos III e que apontam as principais reivindicações da classe estudantil. Destaca-se a manutenção de equipamentos e laboratórios, aumento do quadro docente e fortalecimento da política de assistência estudantil.

“O ensino gratuito é uma grande conquista das classes menos favorecidas e até isso está na mira do egoísmo capitalista de tantos políticos que só pensam em cédulas, mas nunca numa sociedade rica em conhecimento, ética e prosperidade. Nós, estudantes, iremos lutar e batalhar em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade. Em defesa das minorias. Em defesa dos nossos direitos. Em defesa da UNEB. Pois nós, estudantes, somos resistência!”, diz o documento lido pela representante estudantil.

Ao final da sessão especial, o professor do curso de Pedagogia, Paulo Soares, reforçou que o contingenciamento orçamentário e a falta de autonomia nas gestões dos departamentos são os maiores problemas enfrentados pela universidade.

“O governador libera (a verba), mas chega a um ponto que retira esse valor ou parte dele. O tempo tão exíguo para o cumprimento de certos orçamentos parece uma tentativa de fazer com quê não dê tempo de usar o recurso. A universidade tem pujança. Produz pesquisa, forma milhares de profissionais todo o ano e tem um funcionamento regular, mas está passando por dificuldades. Está vivendo por forças dos docentes, funcionários e estudantes”, salientou.

Ao longo da sessão, os vereadores de Juazeiro destacaram a importância da Uneb para o desenvolvimento das cidades da região norte da Bahia. O presidente Alex Tanuri encerrou a reunião se comprometendo a formar uma comissão, com três vereadores, para tentar intermediar um diálogo com o governador Rui Costa.

“Nós tentaremos ajudar e fazer com que essa audiência surta efeito. O compromisso de nós vereadores é ajudar vocês”, disse.

Mobilizações

Na próxima quinta-feira (25) está prevista uma reunião entre professores, estudantes e técnicos com os deputados estaduais eleitos na região norte da Bahia, no auditório ACM: Zó (PCdoB), Marcellino Galo (PT), Paulo Rangel (PT) , Roberto Carlos (PDT) e Tum (PSC).

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