Tratamento intensivo para a vida: a luta diária dos profissionais da UTI Covid do Hospital Universitário

A Covid-19 provocou grandes mudanças por todo o mundo. Escolas, comércios, escritórios, indústrias, todos tiveram que fechar as portas e as pessoas foram orientadas a permanecer em suas casas. Enquanto muitos puderam se resguardar, outros tantos foram direto para o “campo batalha” combater um vírus que já matou mais de 100 mil pessoas somente no Brasil.

A vida de muitos profissionais de saúde mudou drasticamente, como a da jovem fisioterapeuta Yslaíny Araújo Silva (23) que vem atuando na UTI-Covid do Hospital Universitário desde o mês de abril. Ela conta que o receio de seus familiares, causado pelo risco de contaminação a deixou apreensiva e insegura se deveria mesmo aceitar o trabalho. “Após muito pensar, refleti que naquele momento era crucial e indispensável o comprometimento dos profissionais da saúde, pois este de fato é o nosso propósito”, disse.

“É uma sensação de estarmos presos”

Decisão tomada, foi a hora de assumir o árduo trabalho de cuidar de pacientes críticos. E os desafios já começam com o uso da vestimenta especial necessária para evitar a contaminação dos profissionais. “A paramentação envolve diversos itens: a máscara limita nossa respiração, os óculos incomodam e machucam a face e as orelhas. E a utilização dos óculos em conjunto com a viseira nos causa dor de cabeça ao final do dia. As roupas esquentam, as luvas reduzem o nosso tato, sem contar que a nossa audição fica reduzida por causa do capote”, desabafou a fisioterapeuta.

As dificuldades impostas a esses profissionais são muitas. Eles não podem ir ao banheiro ou comer quando querem, nem ao menos coçar o rosto quando algo incomoda. O processo de paramentação é complexo e por isso precisam adiar essas necessidades aos horários livres, como o intervalo para o almoço.

“Não tínhamos evidências robustas para guiar nossas condutas”

Além da gravidade, a Covid-19 foi descoberta recentemente, o que aumentou as dificuldades para oferecer um tratamento mais efetivo. “Tudo na medicina é baseado em evidências. Essa doença foi descrita em dezembro do ano passado, não tínhamos evidências robustas para guiar nossas condutas. Descobrir no dia a dia como era a melhor forma de conduzir esses pacientes foi nosso maior desafio”, comentou a gerente de Atenção à Saúde do HU, Kátia Regina de Oliveira.

O Hospital Universitário é a unidade referência para os municípios integrantes da VIII Gerência Regional de Saúde de Pernambuco (VIII Geres), nos casos graves da doença, desde o mês de abril. Foram disponibilizados 20 leitos de UTI exclusivos para pacientes acometidos com o coronavírus.

Os pacientes apresentam diversas complicações, as mais comuns são relacionadas a eventos trombóticos e disfunção renal. “Nossos óbitos se caracterizam por terem ocorrido em pacientes com disfunções orgânicas, como insuficiência respiratória e renal, principalmente, além de estarem associados ao politraumatismo”, explicou a gerente.

“Tudo que estou vivendo vem me modificando como profissional e como pessoa”

Sem dúvida, essa pandemia é um dos momentos mais difíceis enfrentados pela humanidade nas últimas décadas. Poucos passarão ilesos por ela, já que a doença vem provocando efeitos de toda ordem: físicos, psicológicos, econômicos, entre outros.

O esforço, diário, dos profissionais para salvar vidas também produz reflexos sobre eles. “Tudo que estou vivenciado nesse período vem me modificando como profissional e como pessoa. De forma profissional porque é um período muito relevante para aprendizado. E como ser humano, observo minha evolução no cuidar dedicado aos semelhantes”, comentou a fisioterapeuta Yslaíny Silva.(Ascom)

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