Transplante de feto para feto é bem-sucedido em ratos; estudo abre caminho para cirurgia em humanos por Edenevaldo Alves Postado em 30 de abril de 2024 Um novo estudo realizado por pesquisadores do Japão mostrou que é possível transplantar um tecido renal de um feto de rato para outro. O experimento, publicado na revista científica foi realizado enquanto o receptor ainda estava no útero da mãe. Segundo o líder do estudo, Takashi Yokoo, nefrologista da Escola de Medicina da Universidade Jikei, em Tóquio, esta cirurgia é o primeiro passo para um dia transplantar rins fetais de porco em embriões humanos que se desenvolvem sem rins funcionais. Como é feito este transplante? Neste xenotransplante — utilização de órgãos de animais em receptores de outra espécie — a equipe utilizou tecido renal de camundongo em fetos de ratos. Eles foram geneticamente modificados para apresentarem uma proteína verde fluorescente em seus rins de forma que fosse possível o tecido pudesse ser rastreado. Este experimento contou com quatro ratas grávidas, das quais oito filhotes desenvolveram rins verde-fluorescentes, os quais durante dez dias não foram rejeitados. Já o nono feto não teve o tecido transplantado com sucesso. Aos 18 dias, o tecido apresentava sinais de rejeição, que poderiam ser reprimidos com medicamentos imunossupressores. Mas, isto não causou modificações, já que os filhotes nasceram após o período usual de gestação de cerca de 22 dias. Como isso ajuda a medicina humana? O objetivo de longo prazo dos pesquisadores é conseguir transplantar rins fetais de porco em fetos humanos com síndrome de Potter, condição que causa insuficiência renal e uma quantidade reduzida de líquido amniótico de um embrião, o qual geralmente morre pouco tempo depois do nascimento. O tecido fetal tem menos probabilidade de induzir uma resposta imunológica do que o tecido adulto, o que significa que não precisa ser geneticamente modificado antes do transplante para evitar a rejeição. Na pesquisa, foi observado que os vasos sanguíneos dos fetos cresceram dentro do tecido doado, o que tornou menos provável que fossem rejeitados pelo sistema imunológico. Uma das principais causas da rejeição de órgãos transplantados é a incompatibilidade entre os vasos sanguíneos do doador e o corpo do hospedeiro, de acordo com Glenn Gardener, cirurgião fetal do Mater Mothers’ Hospital em Brisbane, na Austrália. “Nesse caso (do estudo), o hospedeiro está se infiltrando no órgão e é possível superar isso”, afirmou em entrevista à revista Nature.