O debate sobre a posição do PSB em um eventual Governo Michel Temer ainda divide as suas lideranças. Enquanto o governador Paulo Câmara (PSB) e o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), defendem o apoio sem cargos, a bancada federal está dividida sobre a participação de socialistas na administração do PMDB.
Há uma corrente que defende que lideranças da agremiação não sejam proibidas de ocupar cargos caso sejam convidadas, em caráter pessoal, pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB). Com esta possibilidade em vista, especulações começam a ser ventiladas em torno do nome do líder na Câmara, deputado Fernando Filho, para ocupar espaço na Esplanada dos Ministérios.
Outro nome ventilado é o do presidente da Fundação João Mangabeira, Renato Casagrande. De olho em apoio para seu projeto, o vice-presidente Michel Temer já teria sondado alternativas do PSB para ocupar o posto, mesmo coma resistência de setores da legenda.
Membro da Executiva Nacional do PSB, o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) se reuniu, pelo menos, duas vezes, com o peemedebista. A conversa teria girado em torno da votação do impeachment no Senado e em questões como a condução da economia e soluções para a crise.
O próprio Bezerra Coelho tem uma posição favorável à participação do PSB no governo, e que a sigla deixe Temer à vontade para fazer as indicações. Nos bastidores, informações apontam que ele estaria tentando emplacar o nome do filho para o Ministério da Integração Nacional, pasta que foi ocupada por ele no primeiro mandato do Governo Dilma. A assessoria de imprensa nega.
Articulação
Líder dos deputados, Fernando Filho poderia ajudar na articulação com a bancada socialista e com interlocução com os parlamentares, facilitando a vida da futura administração. Diferente do senador Bezerra Coelho, o nome do parlamentar também não está envolvido diretamente nas investigações da Lava Jato.
Já o ex-governador Renato Casagrande, que perdeu as eleições no Espírito Santo, ganharia força política com o cargo. No entanto, a avaliação é que o governo Temer precisa dar sinalizações claras de reação à crise.
Primeiro Secretário Nacional de Finanças do PSB Nacional, o vice-governador Márcio França (PSB) defende que a sigla não indique nomes para o Governo Federal, mas admitiu não ter posição firmada sobre convites em caráter pessoal para lideranças do PSB.
“Defendo o apoio sem indicação de nomes, mas ainda não tenho posição tomada sobre essa segunda parte da discussão (de deixar filiados à vontade para ocupar cargos por indicação pessoal)”, destacou.
Outras lideranças têm uma postura mais radical quanto a ocupação de cargos. “Se Fernando Bezerra quiser ocupar cargo é problema dele, não do PSB. O partido não quer cargos”, afirmou o deputado federal Gonzaga Patriota (PSB).
Caso os rumores sejam confirmados, não seria a primeira vez que Fernando Bezerra Coelho iria divergir da posição do governador Paulo Câmara. Após indicar o nome de Fernando Filho para a Secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico, em 2014, o senador não escondeu seu desconforto em uma carta pública questionando o gestor por não ter aceito a sugestão. Mas o mal-estar inicial acabou sendo amenizado em seguida. (Folha PE).