Sindicato revela risco de contaminação com volta às aulas e Governo de Pernambuco reafirma segurança

Anunciada pelo Governo do Estado como um reforço à prevenção contra o coronavírus na retomada do ensino presencial, a mudança do início das aulas para as 8h – antes da pandemia as escolas começavam a funcionar às 7h – não é determinante para que os professores retornem às salas segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe). A hora de início das aulas “não é a essência do problema”, afirmou o presidente do Sintepe, Fernando Melo.

“Na última reunião, o secretário chegou a falar dessa mudança de horário, mas não é a essência da discussão, do debate que estamos fazendo. Essa medida não resolve o problema do retorno porque não se resume a chegar mais cedo, mais tarde”, disse Fernando Melo.

Contrários à volta das aulas presenciais na próxima terça-feira (6), os professores da rede estadual de Pernambuco, reunidos em assembleia nessa quarta-feira (30), decretaram greve. Também nessa quarta, em coletiva de imprensa, o secretário de Educação, Fred Amâncio, anunciou a mudança do início das aulas para às 8h. De acordo com o Governo do Estado, a troca de horário é para evitar o deslocamento dos alunos no horário de maior lotação do transporte público.

Por outro lado, Fernando Melo defendeu que a essência do processo de retomada é o debate para um retorno seguro às escolas do ponto de vista sanitário. “O ambiente não proporciona condições seguras de retorno e o contexto não oferece segurança sanitária. Se observamos, a taxa de contaminação está alta. Não sentimos que o momento oferece segurança para colocar na escola o aluno, o profissional. Essa é discussão que queremos fazer”, frisou o presidente do Sintepe.

“Temos um parecer que diz que não é o momento para retorno às aulas. Existe um conflito dentro da própria área médica, que passa pra gente essa incerteza. Vamos ter que esperar para que haja a primeira morte de um estudante ou de um professor contaminado na escola para que as aulas sejam suspensas?”, finalizou Fernando.

Na coletiva, Fred Amâncio explicou que a decisão de mudar o horário foi tomada após um estudo feito em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e com o Grande Recife Consórcio de Transporte. “Estamos fazendo um deslocamento dos horários para sair desse intervalo de pico do transporte público, que é das 6h às 7h. Vamos refazer toda estrutura de horários das nossas escolas para que a gente possa começar um pouco mais tarde”, frisou Amâncio.

O Governo de Pernambuco, que espera o retorno das aulas para a próxima terça-feira (6), com os alunos do 3º ano do Ensino Médio, convocou uma nova reunião com a categoria para esta sexta-feira (2). O Sintepe espera que uma nova proposta seja apresentada no encontro.

“As duas últimas reuniões foram desgastantes, com idas e vindas, sem sair do lugar. O importante é que o governo queira conversar e temos uma expectativa, já que o governo chamou, de haver um fato novo [na reunião]”, acrescentou o presidente do sindicato dos professores.

A categoria levará à reunião três principais pautas: a suspensão do retorno em 6 de outubro; a constituição de uma comissão com técnicos, médicos e instituições para a instauração de um debate sobre retorno às escolas; e a marcação de uma data para a reunião dessa comissão, que deverá analisar o cenário epidemiológico da Covid-19 no Estado e definir horizontes.

Greve

Após decretar a greve, o sindicato encaminhou ofícios ao governo. A paralisação será oficialmente deflagrada na próxima segunda-feira (5), 72 horas úteis após a assembleia que decidiu pelo movimento. Também na segunda-feira, uma nova assembleia dos professores deverá ocorrer de forma remota. O encontro debaterá os resultados da reunião de sexta-feira entre a categoria e o governo. “A assembleia pode entender que houve avanço e suspender a deflagração. Voltar na terça é justamente o ponto chave da discussão”, explicou Fernando Melo.

De acordo com o presidente do Sintepe, não há possibilidade do retorno às aulas presenciais por parte da categoria em 6 de outubro. O sindicato trabalha com dois cenários: no primeiro, a suspensão da greve caso o governo proponha novas datas para retorno. Assim, os professores voltarão às aulas remotas. No segundo cenário, sem avanço nas tratativas, a paralisação seguirá e nem mesmo as aulas virtuais serão ministradas.

Em nota oficial enviada à reportagem, a Secretaria de Educação e Esportes reforçou que trabalha com a premissa de manter o diálogo com professores, demais profissionais de educação e com o Sintepe. “O órgão aguarda a formalização desta decisão [greve] por parte do Sintepe e a apresentação de uma proposta que permita a continuidade da negociação”, disse a pasta, alegando que recebeu “com surpresa” a decretação da greve.

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