Profissionais trocam postos de saúde pelo Mais Médicos e causam desfalque

A conhecida metáfora do cobertor curto, que quando protege os pés deixa a cabeça para fora, aplica-se com perfeição ao cenário do atendimento em saúde para os municípios. Muitos médicos estão encerrando os contratos com as prefeituras atraídos pelos salários mais altos oferecidos pelo Programa Mais Médicos. Essa migração já resultou na rescisão de vínculo de 197 profissionais apenas em Pernambuco, abrindo uma lacuna nas redes municipais, que já enfrentam históricas deficiências.

O programa Mais Médicos contava em Pernambuco com 437 vagas destinadas aos profissionais cubanos, que foram embora após o país caribenho anunciar o rompimento do contrato, em virtude das declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que criticou o acordo de cooperação, a forma de execução e o governo cubano. O Ministério da Saúde então abriu chamada para o cadastramento de médicos brasileiros. “Muitos médicos daqui estão aderindo ao programa agora pelos salários mais atraentes. Eles recebem em média R$ 11 mil, sem descontos, porque trata-se de uma bolsa. Então, estão dando prioridade ao programa, deixando os postos nas prefeituras. Não há como competir”, afirmou o secretário administrativo do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Pernambuco (Cosems-PE), Arthur Belarmino Amorim, titular da pasta na cidade de Afogados da Ingazeira, Sertão do Pajeú.

O prazo para o cadastramento de novos profissionais para o Mais Médicos acaba hoje. Segundo o assessor da presidência do Cosems, Paulo Dantas, o último levantamento apontava para 313 pedidos de cadastro. “Na quarta-feira contávamos com 143 requisições já homologadas”, disse Dantas. Ele revelou que a diretoria do Cosems irá se reunir na próxima semana, para avaliar quantas vagas ficaram abertas e quais os caminhos para as secretarias municipais de saúde. “É uma situação difícil, porque tanto as prefeituras quanto as populações vão sofrer com tantas ausências”, afirma.

O último balanço divulgado pelo Ministério da Saúde indicou que o programa recebeu 36.490 inscrições. Destas, 8.411 já escolheram a cidade onde pretendem atuar. Ainda estão abertas 106 vagas em 29 localidades para as próximas etapas da convocação, a maior parte delas (86 vagas), no Estado do Amazonas. Também restaram 20 vagas no Amapá e no Pará. Do total de vagas não preenchidas, 63 estão em distritos sanitários especiais indígenas. Somente no Dsei Alto Solimões, ainda há 22 vagas; no Alto Rio Negro, sobraram 11 vagas. Ambos ficam no estado do Amazonas.

Na próxima segunda-feira será feito um novo balanço das vagas disponíveis, incluindo a soma das desistências verificadas até dia 14 e as vagas para as quais não houve inscritos. Nos dias 18 e 19, os médicos com registro no País terão mais uma chance para escolher vagas nos municípios que ainda estiverem disponíveis. Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da Saúde também informou que, caso haja muitas desistências e as vagas não sejam preenchidas, serão feitas novas chamadas até que se complete o quadro de vagas do programa. (FolhaPE)

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