Petrolina (PE): Leitos ocupados afetam mais do que novos casos e cresce quantidade de mortes nas pessoas acima de 70 anos

­Em Petrolina (PE), o primeiro caso confirmado da covid-19 foi no dia 23 de março de 2020 e o primeiro óbito ocorreu no dia 04 de maio.

Desde o dia 23 de março de 2020 até o dia 10 de março de 2021, Petrolina já registrou 17.563 casos do novo coronavírus e 219 óbitos, ou seja, uma taxa de mortalidade de 1,2%. Durante um grande período os estudos com os dados da pandemia na cidade se concentraram em buscar determinar o momento em que iria ocorrer o pico de casos na cidade, que ocorreu no final de julho e início de agosto.

Depois as pesquisas focaram na evolução das médias móveis de novos casos e novos óbitos e, atualmente, a preocupação é com um terceiro pico de novos casos com poucos leitos de UTI disponíveis, dado o crescimento acelerado que tem ocorrido, com o relaxamento das medidas de proteção por parte da população e de alguns segmentos do comércio, principalmente o de entretenimento e com o fechamento de leitos de UTI nas cidades.

No período mais recente e observando algumas características das pessoas que vieram a óbito pelo novo coronavírus na cidade de Petrolina, é preciso explicar parte do comportamento atual da população que não tem receio em se aglomerar, mesmo em uma pandemia. Os dados foram compilados por docentes do colegiado do Curso de Economia da FACAPE e se referem aos 219 óbitos que ocorreram na cidade até o dia 10 de março.

Em relação aos novos casos, nos feriados e finais de semana normalmente não são feitos testes rápidos e, assim, aparecem ao longo da série muitos valores iguais a zero. Isso pode dificultar o entendimento do comportamento dos dados. Quanto maior for o período considerado, mais suavizado será a curva formada.

A preocupação decorre do efeito que isto pode ter sobre a quantidade de óbitos. Contudo estimativas realizadas com dados relativos ao período de 14 de junho de 2020 até 10 de março de 2021 indicam que a variação da taxa de ocupação de leitos de UTI explica mais a variação dos óbitos do que a variação na quantidade de novos casos.

Infelizmente a cidade de Petrolina perdeu leitos justamente neste período de segunda onda reduzindo de 61 para 44. Vale lembrar que estes leitos atendem os municípios que fazem parte da Rede PEBA, cerca de 53 municípios.

No estágio atual a demanda é maior do que a oferta e se faz necessária a abertura de novos leitos de UTI, pois as taxas de ocupação são elevadas e isto afeta a quantidade de óbitos.

Em relação aos óbitos, existe um aumento na idade das pessoas que vieram a óbito, na cidade de Petrolina, em dois períodos distintos. O primeiro deles é desde o primeiro óbito ocorrido, no dia 04 de maio de 2020 até o dia 31 de outubro de 2020. É um período em que divide a quantidade de óbitos ocorridos na metade (106) e cobre a primeira parte da evolução dos novos casos.

Em novembro de 2020 pode-se considerar quando se inicia um processo de novo crescimento dos novos casos, ou seja, uma segunda etapa de crescimento da pandemia. Entre novembro até 10 de março se tem a segunda parte dos óbitos, mais 113 casos. No dia 10 de março, a cidade de Petrolina apresentava 218 óbitos por Covid-19.

O que se pode concluir é que nesta segunda fase cresce a quantidade de óbitos nas pessoas mais idosas, ou seja, a partir dos 70 anos e reduz nas faixas entre 0 e 50 anos. Considerando todos os casos, 67% das pessoas que vieram a óbito eram do sexo masculino e 66% possuíam algum tipo de comorbidades.

Ao se analisar os efeitos de mudanças na quantidade de novos casos e na taxa de ocupação de leitos de UTI sobre as variações de novos óbitos, os resultados indicam que leitos ocupados afetam mais do que novos casos, apesar de ambos os efeitos serem estatisticamente significativos. Isto só vem deixar ainda mais claro que é fundamental que
se abram novos leitos de UTI visando reduzir a taxa de ocupação assim como as pessoas devem fazer a sua parte, evitando aglomerações, se protegendo, para ajudar a diminuir os novos casos.

A velocidade com que os óbitos crescem aumentou nos últimos 4 meses. Além disso, o impacto foi ainda maior nas pessoas mais velhas, notadamente acima dos 70 anos, que morreram muito mais nos últimos meses do que acontecia até o mês de novembro de ano passado.

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