Petrolina (PE): Empresa anula contratação após descobrir que funcionário é trans

O  trabalho é considerado um direito social e está previsto na Constituição Federal. No entanto,  o acesso ao  mercado formal pela população  LGBTQIA+   continua cercado de limitações e preconceitos no Brasil.

Em Petrolina (PE),  Eduardo Príncipe de Lira Rocha, 30 anos, iria assumir uma vaga numa empresa da cidade, mas foi dispensado por ser homem trans, conforme relatou para o Blog Edenevaldo Alves.

Eduardo disse que  no último dia 6 de julho fez uma entrevista na empresa, e que o empregador “demonstrou grande interesse” no  perfil do candidato pela habilidade comunicacional e experiências.

Na ocasião eles chegaram a fechar um acordo, porém, quatro dias depois Eduardo recebeu uma mensagem de dispensa com a seguinte justificativa. “Minha cota de pessoas diferentes já está atendida e completa com o que demonstro não ter preconceito. Somente vim saber de sua condição muito depois. Nada contra. Mas a vaga é para o sexo masculino”, diz um trecho da mensagem enviada pelo dono da empresa.

Eduardo afirma que  a dispensa “foi uma atitude transfóbica”,  e que várias empresas fazem a mesma coisa  deixando essas pessoas à margem da sociedade. “E como é que eu vou pagar as contas da minha casa? E como é que as outras pessoas trans vão pagar as contas? (…) eu me senti  não só constrangido, humilhado e rejeitado, mas eu me senti invadido. Foi invasivo questionar as minhas habilidades por um genital”, desabafou.

De acordo com um estudo feito pela pelo coletivo #VoteLGBT, em parceria com a Box1824,  a ausência de fonte de renda,  piora da saúde mental e o afastamento da rede de apoio foram e continuam sendo alguns dos impactos sofridos por esta população durante a pandemia. O desemprego, por exemplo,  reflete em consequências diretas para suprir necessidades básicas dessas pessoas.

“Eu estou passando por um momento muito delicado. Não é só a questão da depressão, mas é questão comum, como outras pessoas comuns, também,  que é botar o feijão e o arroz na mesa, pagar aluguel,  ter direito à comida, moradia,  saúde. São coisas básicas,  fica muito difícil da gente continuar vivo. Por que que a gente vai continuar vivo? a gente não quer viver dessa forma. Ninguém quer! Então isso agrava muito todo processo depressivo que a comunidade LGBT vive por não ter espaço, por não ter acolhimento”, afirmou.

Eduardo mora na cidade de Juazeiro (BA), e já atuou na prefeitura da cidade baiana  como supervisor da pasta LGBT.   O jovem também participa de pautas LGBTQIA+ tanto em Juazeiro como Petrolina, integra em atos de manifestações pacíficas,  espaços de formação e colabora na construção de política publicas efetivas e acolhimento.  Quem tiver interesse em contribuir financeiramente para ajudá-lo deve consultar o pix no perfil dele no instagram (aqui)

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