Petrolina (PE): Corrida da população contra coronavírus esgota estoque  de hidroxicloroquina e deixa paciente com lúpus sem medicação

A corrida de petrolineses e Juazeirenses para comprar e estocar o medicamento Reuquinol (hidroxicloroquina), produto indicado numa pesquisa como alternativa que  pode ajudar ‘contra’ o novo coronavírus, coloca em risco a saúde de pacientes que fazem uso diário da medicação  para o tratamento de doenças como  lúpus, malária ou artrite reumatoide.

A estudante Daysiane da Fonseca Figueiredo, de 30 anos, é moradora do bairro Boa Esperança em Petrolina (PE), e faz uso do Reuquinol desde 2010. Ela é portadora de Lúpus Eritematoso Sistêmico, doença autoimune inflamatória e precisa tomar um comprimido diariamente. Após procurar a medicação em dezenas de farmácias do Vale do São Francisco e ser informada sobre o esgotamento total, a estudante tem ligado com frequência para inúmeras drogarias na expectativa da reposição do medicamento,   pois lhe restam apenas sete comprimidos em casa.

 “Estive em cerca de 9 ou 10 farmácias. Em todas o medicamento havia acabado por conta de pessoas comprando por esse motivo citado na postagem (para uso ‘contra’ o coronavírus). No meu caso e de outros pacientes com lúpus e outras doenças que também dependem do remédio como artrite reumatoide, ficar sem o medicamento pode fazer a doença entrar em atividade. Isso significa causar inflamações inesperadas no caso do lúpus, pois nunca sabemos o que vai acontecer nas crises, que podem causar sérias complicações. Como por exemplo atacar órgãos importantes do corpo”, explicou.

De acordo com o médico  infectologista,  Washington Luís Gomes Dantas,   a retirada desses medicamentos  das prateleiras das farmácias mostra que existe um pânico generalizado  e a crença  numa ‘cura milagrosa’ pela maioria da população. O infectologista  salienta que o esgotamento da medicação causas prejuízos aos pacientes que realmente precisam fazer uso do remédio, pois o adiamento no tratamento torna  a doença ainda mais agressiva. Diante da situação o médico  faz uma alerta sobre o uso indevido do Reuquinol e os prejuízos da automedicação.

 “As  pessoas que estão pegando esses medicamento e uma vez utilizando sem orientação médica poderão levar uma série de problemas relacionados a essa utilização. Entre eles a gente deve lembrar do ponto de vista neurológico. O paciente pode desenvolver convulsões, crises convulsivas pelo uso dessa medicação. Pode haver perda da audição, pode haver perda da visão, o paciente pode ter  queda do sistema imunológico porque ele vai ter queda dos leucócitos, células brancas, células vermelhas e das plaquetas. Isso pode desencadear um sangramento de difícil controle em alguns doentes e pessoas que até então eram sadias, podem desenvolver o que a gente chama  de imunodeficiências, levando a uma possibilidade maior de adquirir outras doenças. Tipo,  a gente tem a circulação do H1N1 entao se esse doente fizer uso dessa medicação ele pode facilitar a disseminação ou até mesmo o agravamento da doença pelo H1N1. então são grandes problemas que a gente tem que levar em consideração. “, assegurou.

O infeciologista reforça que neste momento quem deve está utilizando Reuquinol, Hidroxicloroquina ou qualquer outra droga similar são pessoas que têm doenças autoimunes. “Orientamos a população que estiver  estocando que faça algum tipo de trabalho de devolver essas  medicações  para as pessoas que realmente precisam. Se nós continuarmos com essa medicações  estocadas em casa, nós seremos os responsáveis por óbitos, ou complicações ou encharcamento da rede hospitalar, justamente porque as pessoas que precisam utilizar, para controlar suas doenças, não tem o medicamento disponível”, alertou.

Por conta desta corrida desenfreada que causou o desabastecimento em farmácias de todo o Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), publicou na sexta-feira (20), uma série de medidas  e enquadrou a hidroxicloroquina e a cloroquina como medicamentos de controle especial, ou seja, só poderá ser comercializado com receita médica. (Confirma mais informações sobre esta medida AQUI)

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