Pernambuco recebe nova tecnologia para tratamento do câncer

A instalação de uma fábrica em Jundiaí, no interior de São Paulo, tem estreita ligação com a saúde dos pernambucanos. Especificamente dos pacientes oncológicos. A multinacional Varian inaugurou a primeira unidade fabril da América Latina capaz de produzir aceleradores lineares, aparelho de altíssima tecnologia para o tratamento radiológico do câncer.

A primeira unidade, encomendada para ser utilizada no Recife, será entregue ainda neste mês. O Ministério da Saúde não informou quais hospitais públicos de Pernambuco receberão as máquinas, mais 100 previstas na licitação da Varian estarão instaladas no Brasil até 2021.

A fábrica de Jundiaí é uma compensação tecnológica para uma licitação vencida em 2013. O Ministério da Saúde (MS) pagou por 80 (depois a compra foi ampliada para 100) máquinas da Varian de Palo Alto, nos Estados Unidos. Em troca, seria construída a fábrica e um centro de treinamento em radioterapia.

De acordo com o diretor de inovações do MS, Thiago Cardoso, 17 dessas máquinas já foram instaladas no SUS. Todos os estados serão contemplados. “Nos dois próximos anos, pelo menos mais 60 aceleradores estarão em funcionamento”, anunciou.

No SUS, antes da máquina só havia a possibilidade de utilizar a bomba de cobalto, que Cardoso pretende abolir, e máquinas muito antigas, que não têm perfeito controle dos órgãos aos quais está sendo enviada a radiação. “A bomba de cobalto é uma caixa em que abre-se a porta e a pessoa é inteiramente atingida. Nas outras máquinas, cria-se uma placa de cobre com um buraco por onde a radiação passa. Mas não se sabe se o alvo está correto, principalmente se o paciente se move”, explica o diretor de manufatura da fábrica, Armando Sá.

O novo aparelho tem controle completo do câncer. Em 3D. Ela o segue, caso a pessoa se mova. Consegue, inclusive agir sobre os tumores ramificados, em que antes, somente a cirurgia era opção. “A cirurgia e a quimioterapia são maioria dos tratamentos no Brasil atualmente. O ideal é que um país trate de 50% a 60% dos tumores com radioterapia. No Brasil, essa relação é de menos de 40%. Nosso trabalho de transferência tecnológica tende a melhorar esse panorama”, projetou o presidente da Varian no Brasil, Humberto Izidoro. Já foram treinados 329 médicos em Jundiaí.

No Recife, os tratamentos já podem ser feitos pelas máquinas mais atuais no setor privado. A apresentada na fábrica será a oitava a funcionar nas unidades da Oncoclínica. “O investimento no tratamento radioterápico é caro e demora para começar a funcionar e dar retorno. Um bunker (com uma máquina funcionando) não custa menos de R$ 12 milhões”, explicou o diretor executivo da Oncoclínica, Luís Natel.

Pernambuco ainda terá uma vantagem em relação aos outros Estados. A Oncoclínica poderá participar de todas as pesquisas realizadas pela Varian em qualquer lugar do mundo. “Não foi uma compra, mas, uma parceria que realizamos. Exigimos um técnico da Varian sempre disponível para que as máquinas sejam consertadas de pronto e os tratamentos não sejam interrompidos. E quisemos fazer parte das pesquisas, para estarmos sempre à frente. Em oncologia clínica, o Estado não está atrás de nenhum outro”, concluiu. (FolhaPE)

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