Operação efetua 10 prisões e aponta indícios de doações de políticos a torcidas organizadas em Pernambuco

A violência e atividades criminosas cometidas pelas torcidas organizadas de Pernambuco viraram alvo de duas operações deflagradas pela Polícia Civil. Batizadas de Returno I e Returno II, as operações ocorreram nesta terça-feira (15), na Região Metropolitana do Recife, efetuando apreensão de drogas, dinheiro e uniformes e efetuando 10 dos 11 mandatos de prisão preventiva. Entre os crimes praticados pelos integrantes estão os de associações criminosas, dano ao patrimônio, corrupção de menores e lesão corporal.

As operações cumprem 11 mandados de prisão e oito mandados de busca e apreensão domiciliar, expedidos pelas 1ª e 4ª Varas Criminais da Capital. Foram presos integrantes da Torcida Jovem do Sport, que seguia atuando na clandestinidade. Em fevereiro, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) decidiu extinguir de forma compulsória três torcidas organizadas de Sport, Santa Cruz e Náutico. Entre esses integrantes estava o presidente da organização, identificado como H.M.F, de 34 anos. Apenas um desses integrantes segue foragido.

Além das prisões e apreensões de uniformes, drogas e balança de precisão, uma faca e um taco de basebol e R$700,00 em dinheiro anunciadas, chamou a atenção na coletiva de imprensa o indício de que vereadores e deputados constavam em um livro de contabilidade de posse dos criminosos, o que pode indicar que eles podem estar financiando as atividades ilegais. O fato ainda será apurado pela Polícia Civil, que convocará os envolvidos para prestar esclarecimentos. Não foi informado o nome de nenhum parlamentar envolvido nas investigações.

As redes sociais ajudaram a identificar os suspeitos, não apenas nos vídeos das agressões postados por testemunhas, como nos perfis dos próprios integrantes, que postaram sobre as ações, produzindo provas que foram coletadas pela polícia e serão usadas para indiciá-los. “Eles costumam fazer isso. Gravar e postar nas redes sociais para se vangloriar. Isso acaba até facilitando a investigação. A gente se vale tanto dessas postagens nas redes sociais como de câmaras de segurança encontradas no local”, explicou o delegado Paulo Moraes, titular da Delegacia de Repressão à Intolerância Esportiva (DPRIE), responsável pelas operações.

Operações

Na operação Returno I, que investiga a agressão sofrida por um torcedor do Náutico no bairro da encruzilhada, por um grupo da torcida Jovem, foram identificadas 7 pessoas, todas integrantes da organizada, das quais, seis foram presas e apenas um segue foragido. Foram presos o diretor da torcida, conhecido como Fabinho, de 28 anos; e outros cinco integrantes (Marcelo, 23; Goin, 28; Gustavo, 24; e Cleitinho, 29). Ainda está foragido renatinho, de 27 anos.

Já a operação Returno II investiga a invasão da Torcida Jovem do evento de aniversário do Santa Cruz, no Pátio de Santa Cruz, causando pânico e perturbando a ordem pública no dia 03 de fevereiro deste ano.

Segundo a Polícia Civil, as operações continuam pois ainda há pessoas a serem identificadas e presas. “Essas pessoas pertencem a uma torcida organizada que está atuando na clandestinidade. Inclusive, um deles é líder dessa torcida organizada em Camaragibe. Eles saem no que eles chamam de ‘bonde’. Entao montam um grupo e saem a procura de vítimas”, descreveu o delegado. Segundo ele, ao agredir um torcedor rival e tirar sua camisa do clube, eles não buscam o valor economico delas, mas a usam como um troféu para subjulgar uma torcida que eles consideram adversária.

Ainda de acordo com o delegado, o presidente da organizada, que foi preso na operação, atua como coordenador das ações, apesar de não ir para a linha de frente. Para isso, ele usa as redes sociais.

Caderno de doações

Foi encontrado com os integrantes da Torcida Jovem um caderno com a contabilidade de doações supostamente feita por vereadores e deputados. “Ainda e cedo para afirmar alguma coisa, mas vamos verificar se era uma atividade legal ou se eles estavam financiando essas torcidas”, disse o delegado. “Se for constatado que estavam doando sabendo que se trata de uma organização criminosa, essas pessoas serão partícipes”, afirmou. “A gente vai, até o final do inquérito, verificar esses montantes e intimar essas pessoas para prestar depoimento. A nossa expectativa é que a partir da deflagração dessas operação a gente consiga indentificar mais agressores e também quem os estão financiando”, concluiu.

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