ônibus perde passageiros e busca novas soluções para atrair clientes

O uso do carro teve mudanças radicais nos últimos anos, como a chegada de Uber, Waze e outros apps. Já o transporte coletivo ficou para trás e recebeu poucas mudanças. E, com isso, também perdeu passageiros, avaliam empresários que atuam no ramo dos ônibus urbanos.

“Não faltam investimentos e ideias para empresas que atuam em transportes individuais, mas essas coisas não têm chegado ao transporte coletivo”, lamenta Otávio Cunha, presidente da NTU, associação que reúne empresários brasileiros que atuam no transporte público. Para tentar mudar esse cenário, a entidade lançou nesta semana o projeto Coletivo, iniciativa que pretende debater e criar novos produtos e serviços ligados ao transporte público.

A ideia é formar uma rede de troca de informações entre empresários de viações, fabricantes de veículos, pesquisadores, governos e universidades, e incubar startups e projetos ligados ao transporte, que possam facilitar processos, melhorar o serviço aos usuários e gerar novas fontes de renda. O ponto que mais chama a atenção dos empresários é poder prever onde e quando haverá passageiros e para onde cada um vai. Com esses dados, seria possível mudar o planejamento das viagens e evitar que os ônibus rodem vazios.

“Hoje temos uma programação por dia útil, sábado e domingo, um quadro de horário rígido, que não leva em conta dia de sol, de chuva. Ai tem desperdícios, tem custo. Podemos fazer uma oferta otimizada através de novas tecnologias e produtos que vão surgir.”, diz Otávio. “Queremos manter as linhas regulares, mas também criar serviços diferenciados, que ajudem a custear a rede pública básica”, prossegue.

Um modelo em testes é a criação de um meio-termo entre o carro de aplicativo e o ônibus: vans que fazem trajetos mais ou menos fixos, mas que só recebem passageiros que fizeram pedidos por um aplicativo. Para a NTU, o desequilíbrio financeiro aumentou com a chegada dos aplicativos para chamar carros, porque parte dos usuários que faziam viagens de curta e média distância migraram dos ônibus para esses serviços.

Em um sistema de tarifa única, o passageiro que viaja um trecho curto ajuda a compensar o custo de outro que viaja distâncias longas. Se os passageiros que andam poucos quilômetros desistem do serviço, surge um problema financeiro.
“Não há espaço para aumentar a tarifa cobrada, e é difícil falar em aumento de impostos em um momento de crise. Assim, estamos buscando saídas”, diz Cunha.

Aplicativos de transporte como Uber, 99 e Waze possuem ferramentas capazes de estimar a demanda por hora e local da cidade, com base nos dados armazenados sobre os milhões de corridas que já realizaram, pois cada viagem é registrada em detalhes. No transporte público, há poucos dados sobre seus passageiros. É possível saber quantos usuários cada linha recebe por dia e horário, mas não onde cada pessoa subiu e desceu. Estudos sobre isso são feitos por amostragem, em intervalos longos. A pesquisa Origem e Destino, do Metrô de São Paulo, é elaborada a cada dez anos, por exemplo. (FolhaPE)

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