Odebrecht diapara: Dilma sabia de caixa 2

Documento entregue aos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo relator do processo de cassação da chapa Dilma Rousseff -Michel Temer, Herman Benjamin, traz trechos do depoimento de Marcelo Odebrecht em que o herdeiro da construtora revela que a petista “tinha dimensão” das doações por meio de caixa dois praticado pela empreiteira.

A distribuição do documento de 1.032 páginas é uma das fases finais antes do julgamento e serve para os ministros tomarem conhecimento, com antecedência, das provas contidas no processo.

No relatório, há o detalhamento do que disseram as 58 testemunhas ao TSE, além do conteúdo de duas acareações entre Marcelo Odebrecht e os ex-executivos da construtora Hilberto Mascarenhas e Cláudio Melo Filho, que deram relatos diferentes sobre as doações eleitorais feitas ao PMDB e foram confrontados na presença de Benjamin.

No depoimento, Marcelo também falou sobre o pagamento ao marqueteiro João Santana e a participação da ex-presidente nas negociações.

“O que Dilma sabia era que a gente fazia, tinha uma contribuição grande — a dimensão da nossa contribuição era grande, ela sabia disso — e ela sabia que a gente era responsável por muitos pagamentos para o João Santana. Ela nunca me disse que sabia que era caixa dois, mas é natural, é só fazer uma… Ela sabia que toda aquela dimensão de pagamentos não estava na prestação do partido”, disse.

Segundo ele, nas eleições de 2014, o ex-ministro da fazenda Guido Mantega era um dos principais interlocutores de Dilma. “Marcelo, a orientação dela (Dilma) é que todos os recursos de vocês vão para a campanha dela. Você não vai mais doar para o PT, você só vai doar para a campanha dela, basicamente para as necessidades da campanha dela: João Santana, Edinho Silva ou esses partidos da coligação”, teria dito Guido ao empresário.

Em 2010, de acordo com Marcelo, os responsáveis pela arrecadação da campanha foram o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro Antônio Palocci. A partir de 2011, Dilma teria assumido as negociações do PT com a Odebrecht.

A chapa encabeçada pela petista, que sofreu um impeachment e deu lugar ao vice, Temer, teve as contas de campanha aprovadas com ressalvas no fim de 2014, mas o processo foi reaberto porque o PSDB questionou a decisão do TSE e apontou suposto abuso de poder econômico pelos adversários.

Entre as irregularidades levantadas pelos tucanos estão pagamentos irregulares a gráficas e uso de recursos desviados da Petrobras. O caso, que parecia ser o menor dos problemas para Temer até alguns meses atrás, ganhou outras proporções após oitivas com ex-integrantes da Odebrecht, que negociaram doações milionárias à campanha.
O Planalto também acendeu o alerta em relação à ação no TSE porque, nos bastidores, ganhou força a tese de que o voto do relator será a favor da cassação da chapa.

O governo, porém, acredita que consegue reverter a situação no plenário da corte. Uma das estratégias dos peemedebistas é separar a atuação de Temer da de Dilma no processo — o argumento jurídico tem jurisprudência no TSE, mas depende do entendimento que os ministros terão em relação a este caso específico.

Na tentativa de evitar a separação do julgamento dos dois, a petista apresentou documentos que comprovariam que o comitê central da campanha teria pagado despesas de ambos da mesma maneira, sem distinção entre o cabeça da chapa e o vice.

Temer, no entanto, alega que não tem relação com os pagamentos suspeitos e que a arrecadação de seu partido aconteceu em paralelo ao de Dilma durante a eleição. (EM).

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