Oceano mais quente intensificou fenômeno que provocou chuvas intensas em Recife (PE) por Edenevaldo Alves Postado em 31 de maio de 2022 As chuvas torrenciais que atingiram Pernambuco na última semana e já deixaram 100 pessoas mortas e milhares de desabrigados, foram causadas por um sistema meteorológico chamado Distúrbio Ondulatório de Leste (DOL). Esse fenômeno foi intensificado pela temperatura de até 3 graus acima da média do Oceano Atlântico, na costa do Estado, de acordo com o meteorologista da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) Romilson Ferreira. “O distúrbio é recorrente, ocorre praticamente todos os anos, com grande capacidade de volume de água. Nem sempre acontece de forma tão extrema. Este ano, a gente teve um agravante: a temperatura do oceano está acima do normal, isso induz mais chuva”, explicou o meteorologista. Segundo Romilson, a média histórica para esta época do ano do Oceano Atlântico, nas proximidades da costa pernambucana, é de 27º C. Este mês de maio registra temperaturas entre 28º C e 30º C. Ou seja, o oceano está até 3º C mais quente do que o normal. As ondas de leste chegaram ao Estado na última sexta-feira (20). Esse fenômeno é uma configuração dos ventos que favorece a elevação da umidade de baixos níveis para altos níveis. Quando a umidade encontra certa altura, transforma-se em nuvens e, dependendo da quantidade de umidade, em nuvens de tempestade. As nuvens carregadas que se formaram avançaram especialmente para o leste da região Nordeste. Romilson lembra, ainda, que a Região Metropolitana do Recife está na quadra chuvosa – maio é o segundo mês deste período que vai de abril até julho e costuma registrar os maiores índices de chuva. No Recife, por exemplo, nos quadrimestre, a média histórica aponta para um total de 1.430 mm, sendo junho o mês mais chuvoso, com 390 mm. “A gente também está na quadra chuvosa, maio já é chuvoso. Tudo isso contribui para essa chuva”, acrescentou o meteorologista. Para os próximos dias, a previsão da Apac é de redução da intensidade das chuvas. A agência chegou a emitir alerta vermelho, aviso de nível máximo que indica risco excepcional em decorrência dos temporais. Os acumulados chegaram a ultrapassar os 200 milímetros em algumas cidades afetadas pelas chuvas.