Negros têm o dobro de risco de serem infectados pelo novo coronavírus por Edenevaldo Alves Postado em 14 de novembro de 2020 Um estudo feito por cientistas britânicos mostra que pessoas negras têm duas vezes mais risco de contrair o Sars-CoV-2, em comparação com as brancas. Os dados foram apresentados na última edição da revista científica on-line EClinical Medicine e obtidos após uma metanálise de mais de mil artigos científicos conduzidos durante a pandemia. No trabalho, os pesquisadores também mostram que pessoas de origem asiática e latina têm 1,5 vez mais risco de serem infectadas, comparadas à população branca. A equipe analisou 50 pesquisas, que resultaram em 1.800 artigos e nos dados de mais de 18 milhões de pessoas do Reino Unido e dos Estados Unidos. Todos os trabalhos foram publicados entre 1º de dezembro de 2019 e 31 de agosto de 2020, em periódicos revisados por pares ou como pré-impressão (à espera de revisão por especialistas). “Todos os pacientes incluídos nos estudos usados foram diagnosticados com exames de PCR e passaram por análises radiológicas e laboratoriais”, detalham, no novo artigo. As análises matemáticas mostraram maior vulnerabilidade nos grupos étnicos e que os asiáticos correm maior risco de serem admitidos em uma unidade de terapia intensiva (UTI) e de morrerem. “No entanto, todos os estudos com dados de admissão na UTI incluídos na nossa metanálise ainda não foram revisados por pares, assim como os dados relativos aos latinos. Além disso, o risco de óbito que calculamos não foi tão expressivo estatisticamente”, relatam. Para os pesquisadores, os riscos mais altos de sofrer com a covid-19 em negros e asiáticos podem ter diversas justificativas. “Existem muitas explicações sobre o motivo pelo qual pode haver um nível elevado de infecção por covid-19 em grupos étnicos minoritários, incluindo a maior probabilidade de viverem em famílias maiores, compostas por várias gerações, e de ter um status socioeconômico mais baixo, o que pode aumentar a possibilidade de fazer parte de famílias superlotadas. Outra justificativa é ter um emprego com funções de linha de frente, em que trabalhar em casa não é uma opção”, declara, em comunicado, Manish Pareek, professor e pesquisador de doenças infecciosas na Universidade de Leicester e um dos autores do trabalho.