Missa do Vaqueiro une fé e cultura no Sertão

Começa nesta sexta-feira (26) a tradicional Missa do Vaqueiro de Serrita, no Sertão do Estado. Além da celebração em homenagem ao vaqueiro Raimundo Jacó, que é o ponto alto da festa, o público poderá conferir shows gratuitos, vaquejadas, pegas de boi, palestras, feira de artesanato, miniexposição e produção de documentário. A 49ª edição da festa segue até o domingo (28), no Parque Estadual João Câncio, que deve receber cerca de 60 mil visitantes nos três dias.

De início, uma versão menor da exposição Tengo Lengo Tengo, ainda em cartaz no Museu Cais do Sertão, no Recife, estará à disposição dos presentes de forma gratuita. Serão expostas 60 fotos para retratar a história da Missa, o ofício do vaqueiro e as tradições da cultura sertaneja. As imagens ficarão no auditório do Sebrae, parceiro do evento e com estrutura montada no parque. Na capital pernambucana, a exposição segue recebendo uma média de 250 visitantes por dia, além de diversos elogios de sertanejos moradores da capital.

Documentaristas da equipe do diretor Nilton Pereira filmarão com drones a Missa do Vaqueiro de Serrita e seus entornos. A proposta é mostrar ao público a grandeza do evento cultural. O documentário já registrou testemunhos de vaqueiros que estiveram no Recife e agora escuta esses profissionais em seu lugar de origem, o Sertão.

História da Missa

Realizada anualmente sempre no quarto domingo do mês de julho, a Missa do Vaqueiro tem em suas origens uma história que foi consagrada na voz de Luiz Gonzaga: a de Raimundo Jacó, um vaqueiro habilidoso na arte de aboiar. Reza a lenda que seu canto atraía o gado, mas atraía também a inveja de seus colegas de profissão, fato que culminou em sua morte numa emboscada. O fiel companheiro do vaqueiro na aboiada, um cachorro, velou o corpo do dono dia e noite, até morrer de fome e sede.

A história de coragem se transformou num mito do Sertão e três anos após o trágico fim, sua vida foi imortalizada pelo canto de Luiz Gonzaga. O Rei do Baião, que era primo de Jacó, transformou “A Morte do Vaqueiro” numa das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras. Mas Gonzaga queria mais. Dessa forma, ele se juntou a João Câncio dos Santos – padre que ao ver a pobreza e as injustiças cometidas contra os sertanejos passou a pregar a palavra de Deus vestido de gibão – para fazer do caso de Jacó o mote para o ofício do vaqueiro e para a celebração da coragem.

Assim, em 1970, o Sítio Lajes, em Serrita, onde o corpo de Jacó foi encontrado, recebe a primeira Missa do Vaqueiro. De acordo com a tradição, o início da celebração é dado com uma procissão de mil vaqueiros a cavalo, que levam, em honras a Raimundo Jacó, oferendas – como chapéu de couro, chicotes e berrantes – ao altar de pedra rústica em formato de ferradura. A missa, uma verdadeira romaria de renovação da fé, acontece sempre ao ar livre e se assemelha bastante aos rituais católicos, porém contando com toques especiais que caracterizam o evento: no lugar da hóstia, os vaqueiros comungam com farinha de mandioca, rapadura e queijo, todos montados a cavalo.

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