Marcelo Odebrecht diz que Temer e Cunha eram do mesmo grupo por Edenevaldo Alves Postado em 4 de julho de 2017 Em depoimento à Justiça Federal nesta terça-feira, o empresário Marcelo Odebrecht afirmou que o presidente Michel Temer era do grupo do PMDB na Câmara do qual fazia parte o ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba desde outubro do ano passado em razão da Operação Lava-Jato. Ele também afirmou que ouvia falar da influência de Cunha no Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS), administrado pela Caixa. Mas ressalvou que soube disso tudo por terceiros, em geral executivos do grupo Odebrecht, comandado por ele. Preso em Curitiba, também em razão da Operação Lava-Jato, Marcelo Odebrecht está cooperando com a Justiça. Ele foi ouvido nesta terça-feira em ação penal que investiga irregularidades na liberação de créditos do FI-FGTS para empresas privadas, prestando depoimento na condição de testemunha de Lúcio Bolinha Funaro, apontado como operador de Cunha. Além de Cunha e Funaro, também são réus na ação: o ex-presidente da Câmara e ex-ministro Henrique Alves, o empresário Alexandre Margotto, e o ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto. O caso tramita na Justiça Federal do Distrito Federal, sob os cuidados do juiz Vallisney de Souza Oliveira. Indagado se sabia quem integrava o grupo do PMDB na Câmara, da qual Cunha era integrante, ele citou apenas um nome. — A única pessoa que me lembro fazer parte desse grupo era Michel Temer. Mas isso era o Cláudio Melo Filho (executivo da Odebrecht) que me dizia — afirmou Marcelo. Questionado se sabia da influência de Cunha na Caixa, Marcelo respondeu: — Se escutava. Isso era dito. Não necessariamente na Caixa Econômica. O que se ouvia falar é que ele tinha influência no FI-FGTS após a entrada de Fábio Cleto. Mas isso é o que eu ouvia. Eu nunca tratei diretamente com ele, nem ninguém me assegurou isso. Ele contou inclusive um caso de financiamento no FI-FGTS que opunha a Odebrecht Saneamento a outra empresa, que teria o apoio de Cunha. Embora não tivesse certeza de que Cunha estava em lado oposto, Marcelo disse que foram tomados cuidados para evitar qualquer dissabor com o ex-deputado, que era uma pessoa influente. Assim, Fernando Reis, executivo do grupo, ficou encarregado de conversar com Cunha. O dono da Odebrecht afirmou que esteve pelo menos uma vez com Cunha, na residência oficial na Câmara, mas diz que nunca tratou diretamente com ele de pagamentos indevidos. (O Globo).