Jussara diz que esganou médico com “mata-leão”

A farmacêutica Jussara Rodrigues, 55 anos, informou em depoimento ter entrado em luta corporal com o marido, o médico cardiologista Denirson Paes, na manhã do dia 31 de maio, antes de asfixiá-lo com um “mata-leão”, segundo o advogado de defesa Alexandre de Oliveira. Durante a briga, ela deu um chute que levou Denirson a bater com a cabeça no chão, o que teria ocasionado o traumatismo no crânio. Com o médico desacordado, ela o esganou e depois trancou o corpo no quiosque próximo à piscina onde, à noite, o esquartejou, inclusive arrancando o órgão genital da vítima, que foi queimado. Essas informações serão verificadas nesta quinta-feira (6) pela polícia, durante reconstituição com Jussara no condomínio em Aldeia, onde aconteceu o crime.

Nessa terça-feira (4), uma nova testemunha seria ouvida pela Polícia Civil, mas ela não compareceu à Delegacia de Camaragibe, que investiga o caso. Identificado apenas como Uraquitan, o funcionário do Hospital Barão de Lucena, onde Jussara trabalhava, teria quebrado a casinha de ferramentas de Denirson a pedido da farmacêutica. À reportagem, Uraquitan confirmou que prestaria depoimento, mas não quis revelar o teor. “O crime ela disse que cometeu sozinha. Ele não sabia de nada, só foi quebrar a casinha. Essa nova informação pode ajudar a inocentar Danilo”, ressaltou o advogado da farmacêutica e do filho mais velho do casal, Danilo, ambos acusados pelo crime. O entulho resultante da destruição dessa casinha serviu para ocultar o corpo de Denirson dentro da cacimba.

De acordo com Alexandre de Oliveira, no depoimento, Jussara explicou que a briga começou por volta das 5h30 da sexta-feira, 31 de maio. “Ela estava com muita raiva porque viu fotos de momentos íntimos de Denirson com a amante. Ele não falava com Jussara havia pelo menos três meses e, ao tentar confrontá-lo, Denirson colocou os dedos nos ouvidos, se recusando a escutar.” Jussara também teria dito à delegada Carmem Lúcia que tinha sido agredida pelo médico há dois anos, conseguindo uma medida protetiva por meio da Lei Maria da Penha. Eles teriam se reconciliado depois de um tempo e reataram o casamento.

“Mais de 40 anos de convivência, 30 anos de casados, e ele sem falar com ela e a traindo por cinco anos. Isso a deixou com muita raiva”, afirmou Alexandre. Sobre o cachorro da família, Dequinho, morto em abril, o advogado esclareceu que Jussara reconheceu ser a responsável pelo envenenamento, mas que isso não estava relacionado ao crime. “O cachorro teve um problema e ela optou por envenenar. Até porque foi um mês de diferença entre um ato e o outro. O assassinato de Denirson foi guiado pela emoção, não foi premeditado. Ela realmente sentia muita raiva quando cometeu o crime, tanto que cortou os órgãos genitais dele e queimou.”

Pouco tempo depois de deixar o corpo do marido no quiosque, Jussara, ainda segundo sua versão, voltou ao local para conferir se ele realmente havia morrido. “Quando viu que ele estava morto, ficou nervosa, trancou o quiosque e só voltou à noite. Ela tentou jogar o corpo na cacimba e não conseguiu.” Foi então que decidiu esquartejar, arrancar os braços, pernas, com uma faca de cozinha, e jogar as partes na cacimba junto com o entulho da casinha. “Ela precisa esclarecer melhor em relação ao Danilo, precisa dizer mais coisas. Não sei se ela disse tudo”, comentou o advogado.

“A reconstituição pode esclarecer muita coisa, será crucial.” Jussara segue presa na Colônia Penal Feminina Bom Pastor. Danilo Paes, 23 anos, está preso no Cotel. No dia 30 de agosto, quando a Polícia Civil apresentou o resultado do inquérito, o Ministério Público ofereceu a denúncia à Justiça, que aceitou e transformou a prisão temporária em preventiva. Eles foram indiciados por homicídio triplamente qualificado (por motivo fútil, sem possibilidade de defesa da vítima e por meio insidioso ou cruel) e por ocultação de cadáver. (Folha PE).

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