Estudo descreve dois possíveis casos de reinfecção por coronavírus em Pernambuco

Em estudo publicado nessa quinta-feira (2), quatro pesquisadores pernambucanos trazem relatos de dois possíveis casos de reinfecção pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) no Estado. Os pacientes analisados são um homem de 40 anos e uma mulher de 44, ambos profissionais de Saúde, que contraíram a Covid-19 em abril e, no mês seguinte, ao voltarem a sentir os sintomas, apresentaram novamente um resultado positivo para a doença.

O texto, assinado pelos médicos Carlos Brito, Petrus Moura, Marina Coelho e Daniela Barbosa, foi publicado na revista científica International Medical Case Reports Journal e descreve o quadro clínico dos pacientes.

O homem de 40 anos foi o primeiro infectado, sentindo os sintomas a partir de 10 de abril, tendo feito o exame RT-PCR no dia 14. A segunda infecção teria começado mais de 46 dias depois, em 26 de maio, sendo testado no dia 28.

Já em relação à mulher, as infecções foram registradas, primeiro, no dia 30 de abril e, depois, em 24 de maio. Os testes que ela fez foram realizados nos dias 4 e 29 de maio, respectivamente.

“Eles desenvolveram quadro clínico de tosse, febre, dores no corpo, sensação de mal-estar, um pouco de diarreia e realizaram o RT-PCR, que deu positivo. Passaram-se, em média, cinco dias, regrediram os sintomas e eles voltaram às suas atividades habituais. Depois, eles desenvolveram novos sintomas compatíveis com Covid. O que também chamou atenção nesses casos foi que, diferentemente da primeira onda de sintomas, nessa segunda fase, eles tiveram perda de paladar e olfato, e o PCR mostrou-se positivo também”, conta o médico Carlos Brito, professor de Clínica Médica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

O pesquisador lembra ainda que o fato, por si só, de os pacientes terem apresentado dois resultados positivos com a RT-PCR não confirma uma reinfecção, pois é comum que fragmentos do vírus permaneçam nas vias respiratórias da pessoa mesmo após a cura.

“É como se fossem resíduos, partículas pequenas, que não são capazes de levar à doença, mas o teste dá positivo”, explica Brito. “Aqui a diferença é que os pacientes desenvolveram sintomas, inclusive, de perda de cheiro e paladar, reforçando que se tratava mesmo de Covid”.

Além disso, os profissionais de saúde fizeram o teste sorológico nas duas ocasiões para saber se produziram anticorpos. No caso do homem, o exame deu negativo na primeira vez e positivo na segunda. Já em relação à mulher, o resultado foi positivo nas duas possíveis infecções. “Há várias hipóteses que a gente discute no artigo. Ou os anticorpos não foram suficientes ou houve uma mutação”, afirma Carlos Brito.

Ainda de acordo com ele, o ideal para confirmar a reinfecção seria fazer o sequenciamento viral, análise laboratorial que busca identificar especificamente o agente infeccioso que contaminou o paciente e, assim, descobrir se as infecções se deram pelo mesmo vírus ou por vírus diferentes.

Apesar das novas evidências, que indicam o caminho para a confirmação de que é possível pegar a Covid duas vezes, o médico pondera que se trata, ainda, de um fenômeno pouco frequente.

“Lembrando que são relatos de caso, que a gente costuma dizer que servem para levantar hipóteses, mas é necessário um número maior de casos e estudos para que se possa dizer qual o impacto disso do ponto de vista de saúde pública. Mas, se fosse algo usual, teríamos muito mais casos, milhares de relatos”, argumenta.

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