Estudo de 200 cientistas de seis países apresenta pontos fracos do coronavírus

No maior estudo já realizado sobre os pontos fracos do Sars-CoV-2, um grupo de 200 cientistas em seis países descobriu mecanismos de sobrevivência desse e dos outros dois coronavírus potencialmente letais — Sars-CoV-1 e Mers-CoV — que podem ser alvo de tratamentos. O trabalho, desenvolvido em 14 instituições de pesquisa, foi publicado na revista Science e apresentado ontem, em uma coletiva de imprensa on-line. Segundo os autores, já existem medicamentos capazes de atacar essas vulnerabilidades.

Antes da covid-19, houve duas epidemias de coronavírus: da síndrome respiratória severa aguda (Sars), em 2002/2003, e da síndrome respiratória do Oriente Médio (Mers), em 2012. O estudo identificou mecanismos moleculares cruciais para a sobrevivência dos patógenos, que são iguais nos três, sugerindo que drogas cujo alvo sejam esses meios de ação dos vírus poderão combater outros micro-organismos da mesma família que surjam no futuro.

Para descobrir o calcanhar de Aquiles dos coronavírus, os pesquisadores se debruçaram sobre um banco de prontuários médicos contendo informações de 740 mil pacientes com Sars-CoV-2. Anteriormente, o mesmo grupo publicou dados preliminares nas revistas Nature e Cell. Agora, eles fizeram a análise completa do conjunto, usando abordagens bioquímicas, proteômicas, genéticas, estruturais, bioinformáticas, virológicas e de imagem. O objetivo foi identificar as proteínas-alvo e os processos celulares que permitem aos coronavírus interagirem com o hospedeiro e infectá-lo com sucesso.

Aproveitando o mapeamento de como as proteínas virais interagem com as da célula hospedeira que são alvo, chamadas interactome, a equipe comparou os dados do Sars-CoV-2 aos dos coronavírus anteriores, destacando vários processos celulares importantes que são compartilhados entre os três. Essas vias comuns e alvos proteicos representam alvos de alta prioridade para intervenções terapêuticas para essa e futuras pandemias.

“Trabalhamos diligentemente desde os primeiros dias da identificação do Sars-CoV-2 nos questionando sobre a biologia e as atividades funcionais desses vírus, e procurando explorar os pontos fracos dele”, disse Veronica Rezelj, virologista do Instituto Pasteur, em Paris. “Em nosso estudo mais recente, aumentamos nossa base de conhecimento ao direcionar a pesquisa para dois coronavírus adicionais, elucidando mecanismos entre os vírus que permitem intervenções terapêuticas em potencial.”

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