Estudantes pernambucanos pedem adiamento do Enem por causa do coronavírus

Cerca de 30 mil estudantes assinaram um abaixo-assinado criado pelo professor pernambucano Darlan Moutinho na última terça-feira (5) pedindo o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As provas estão previstas para acontecer em novembro deste ano. Apesar de apelos de estudantes, professores e parlamentares, o Ministério da Educação (MEC) tem mantido o cronograma do exame. As inscrições devem começar na próxima segunda-feira (11) e vão até 22 de maio.

Autor do abaixo-assinado, o professor de matemática afirma que as condições para o estudo são muito desiguais no cenário em que as aulas foram suspensas por causa da pandemia do novo coronavírus. Em Pernambuco, as aulas das escolas particulares voltaram no ambiente digital nessa segunda-feira (4). A rede pública continua com as atividades suspensas.

“Acreditei que o governo ia optar pelo adiamento. Tenho cerca de 4 mil alunos só no Recife e sou muito próximo deles. Muitos relatam que estão sem condições de estudar. Fiz um desabafo nas minhas redes sociais e percebi que precisava fazer algo”, disse. A petição online foi lançada por Darlan às 21h dessa terça-feira. Por volta das 16h desta quinta (7), já eram 30 mil assinaturas no documento virtual.

Na justificativa da petição, o professor argumenta que “a pandemia motivou escolas públicas e privadas a suspenderem suas atividades para assim assegurar o isolamento social e diminuir os danos provocados pela pandemia à sociedade. Para evitar a perda do ano letivo, as escolas optaram por aulas à distância, mas sabemos que existe uma defasagem de conteúdo e principalmente do ensino-aprendizagem. Nem todos se adequam ao ensino à distância e a grande maioria não tem acesso a dados móveis suficientes para assistirem às videoaulas”.

A conta oficial do MEC no Twitter divulgou, nessa segunda-feira, uma campanha reforçando que vai manter os prazos do Enem. Com os lemas “O Brasil não pode parar” e “A vida precisa continuar”, o Ministério da Educação mostra, no vídeo, quatro estudantes secundaristas, gravando com os próprios celulares. Os jovens incentivam o estudo à distância e pela internet.

Em Pernambuco, 32,1% dos estudantes não têm a estrutura mínima para acompanhar um conteúdo a distância. O dado foi obtido a partir de uma análise feita pelo Quero Bolsa a partir das respostas do questionário socioeconômico do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) dos últimos cinco anos. O levantamento definiu que a estrutura mínima seria ter acesso a internet e a pelo menos um dispositivo para assistir o conteúdo a distância, seja computador ou celular.

Dos estudantes que prestaram o Enem nos últimos cinco anos, 67,9% responderam que possuíam acesso e a internet e um dos dispositivos. Quando analisado apenas o acesso a internet, esse número sobe um pouco, chegando a 68,1%. Os que têm um computador em casa são 59,4%. No caso do aparelho celular, esse número sobe para 97,9%.

Entre os pernambucanos que fizeram as últimas edições do Enem, 53,2% responderam possuir internet e computador; 67,4% têm internet e celular; 58,7% possuem computador e celular e 52,7% têm internet, computador e celular.

A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) lançaram a campanha #AdiaEnem. O presidente da Ubes, Pedro Gorki, afirma que não é viável as provas do Enem serem realizadas conforme o calendário previsto, pois não leva em consideração o momento de pandemia e isolamento social que o país está enfrentando. “Quando falamos de adiamento do Enem falamos de um tema muito sensível, que é o sonho do jovem de entrar na universidade”, afirmou. Uma petição online foi lançada pelas entidades também pedindo o adiamento do Enem 2020.

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