Em carta, comunidades de Sento Sé (BA) denunciam caos com chegada de carretas para transporte de minério; veja na íntegra por Edenevaldo Alves Postado em 29 de maio de 2021 Nós, das comunidades tradicionais ribeirinhas localizadas no entorno da Serra da Bicuda em Sento Sé/BA, às margens do rio São Francisco (Ponta D’Água, Volta da Serra, Cajuí, Retiro de Cima, Retiro de Baixo, Tombador, Pascoal, Limoeiro, Aldeia, Andorinhas e Itapera), impactadas pela Tombador Iron Mineração, denunciamos a seguinte situação: A chegada de 20 carretas bitrens para transportar a produção da Tombador Iron Mineração, no dia 25 de maio de 2021, mais uma vez demonstrou o desrespeito da empresa com as populações das comunidades acima citadas. Não fomos informadas sobre a chegada dos transportes de grande porte, nem tampouco das licenças concedidas à Tombador Iron pelas instâncias Federal, Estadual e Municipal. Licenças essas concedidas sem a realização da consulta prévia, livre e informada às comunidades. Nós, das comunidades, perguntamos: Essas estradas que ligam Sento Sé às comunidades irão suportar o tráfego constante dessas carretas com dezenas de toneladas de minério? As pessoas que têm suas roças à margem das estradas de chão conseguirão trabalhar em meio a tanta poeira provocada pelo transporte? As estradas públicas se tornaram privadas? Como nós das comunidades iremos trafegar para a sede do município em meio tanta poeira e velocidade com que esses veículos passam? Nas estradas onde eles atravessam, vamos perder o direito de ir e vir, visto que eles não têm o menor respeito com o povo? E a estrada de Sento Sé a Juazeiro, será que vamos voltar ao tempo que levava cinco horas pra chegar? Os acidentes com certeza irão aumentar por conta da velocidade das carretas, pois os motoristas perdem a visibilidade com a grande quantidade de poeira. Para onde vamos? Em apenas 24 horas da chegada desses transportes, trabalhadores/as já estão impedidos de fazer atividades em suas roças, por conta da poeira. Como será o dia a dia das comunidades tradicionais ribeirinhas, tendo em vista que a Tombador Iron tem capacidade de produção de 400 toneladas de minério por hora? Outra coisa que precisa ser esclarecida é: Se o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) concedeu a Licença de Operação no dia 20 de maio de 2021, como em quatro dias já havia material suficiente para carregar 20 carretas bitrens? Exigimos respeito! Somos gente, das comunidades tradicionais, e seguimos na luta pelos nossos direitos! Comissão das Comunidades Atingidas pela Tombador Iron Mineração Em apoio às comunidades atingidas, assinam esta carta-denúncia: Articulação Regional de Fundo de Pasto Articulação Sindical Rural da Região do Lago de Sobradinho Associação dos Advogados/as de Trabalhadores/as Rurais (AATR) Coordenadoria Ecumênica de Serviços (CESE) Comissão Pastoral da Terra (CPT) Diocese de Juazeiro – Bahia Fórum de Entidades de Campo Alegre de Lourdes Grupo de Pesquisa GeografAR (UFBA) Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA) Krisis – Laboratório de Antropologia, Filosofia e Política (UNIVASF) Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) Movimento de Trabalhadores Rurais Assentados e Acampados da Bahia (CETA) Movimento Salve as Serras Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) Paróquia de São José – Sento Sé Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (SASOP)