Dengue pode fornecer anticorpos contra Covid-19, aponta pesquisa brasileira

Em um estudo que buscou identificar as características da propagação do novo coronavírus no território brasileiro, pesquisadores descobriram que grande parte dos locais com taxas mais baixas de infecção por esse micro-organismo também eram regiões com mais casos de dengue. Essa relação levanta a possibilidade de os anticorpos gerados durante a infecção da dengue produzirem algum tipo de proteção contra o Sars-CoV-2, o causador da Covid-19. Para a equipe, caso a suspeita se confirme, as possibilidades de combate à Covid-19 poderão ser ampliadas. O trabalho, ainda revisado por pares, foi publicado ontem, no site de divulgação de estudos científico MedrXiv.

A observação surgiu por acaso, em uma última análise dos dados computados. “As 3h, olhei os mapas de outras doenças, que é fornecido pelo Ministério da Saúde, e vi que a lista dos estados que tiveram epidemia de dengue durante 2019 e também em 2020 tinha uma relação inversa com o novo coronavírus”, conta ao jornal Correio Brazilense, Miguel Nicolelis, neurocientista brasileiro, professor da Universidade de Duke, em Nova Iorque, e principal autor do estudo.

Os investigadores notaram, depois, que os estados nos quais uma grande fração da população havia contraído dengue entre janeiro de 2019 e julho de 2020 relataram casos e mortes de Covid-19 mais baixos e demoraram mais tempo para chegar à transmissão exponencial na comunidade. “Estados que tiveram alta ocorrência de dengue registravam menos casos, menos mortes e demoraram mais para acumular os casos de Covid-19”, resume o cientista.

A descoberta levanta a possibilidade de existência de uma reatividade imunológica cruzada entre o vírus da dengue e o da Covid-19. Se isso for comprovado, os pesquisadores acreditam que novas possibilidades para combater a nova doença poderão surgir. “Poderemos ter como recurso o uso da vacina da dengue como uma prevenção da Covid-19, enquanto não temos um imunizante específico. Temos até outras pesquisas sendo feitas que utilizam a vacina da BCG (tuberculose) como uma opção preventiva para o novo coronavírus. Mas é claro que isso precisa ser melhor analisado. Seria algo muito positivo, pois teríamos uma fórmula pronta para ser usada”, avalia Nicolelis.

O neurocientista enfatiza ainda que os resultados obtidos complementam trabalhos conduzidos em outros países. “Nossos dados batem com uma pesquisa feita por cientistas israelenses. Eles tinham guardado amostras sanguíneas de pacientes com dengue antes da pandemia e, ao testarem esse material com o vírus da Covid-19, observaram uma reação dos anticorpos.

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