Cemafauna da Univasf auxilia nos cuidados de onça-pintada resgatada em caverna

O Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna), da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), abrigou uma hóspede muito especial e inusitada. Batizada com o nome de Luísa, a onça-pintada (Panther aonca) foi encontrada em condições críticas de saúde, presa em uma caverna próxima à cidade de Sento Sé, nas imediações do Parque do Boqueirão da Onça, interior da Bahia. O animal veio para o Cemafauna, localizado no Campus Ciências Agrárias (CCA) da Univasf, em Petrolina (PE), para receber os cuidados necessários para sua recuperação. Durante cerca de 15 dias, a onça foi assistida por uma equipe de biólogos, veterinários e zootecnistas do Cemafauna, passou por baterias de exames e recebeu uma dieta específica, cuidados que possibilitaram sua reintrodução na natureza.

A história do resgate da onça Luísa foi relatada pela bióloga Cláudia Campos, na sessão de julho do projeto First Friday, do Cemafauna, realizada na última sexta-feira (5), no auditório do Museu de Fauna da Caatinga, no CCA. A palestrante detalhou todo o processo envolvido no salvamento do animal. A ação de resgate contou com a participação do Programa Amigos da Onça, do Instituto Pró-Carnívoros; do Cemafauna; do 72º Batalhão de Infantaria Motorizado, de Petrolina; e do 9º Grupamento de Bombeiros Militar, de Juazeiro (BA).

De acordo com Cláudia, a onça havia sido presa numa caverna por moradores de uma comunidade, após o animal ter raptado uma ovelha de um fazendeiro. Quando recebeu as informações de uma moradora local sobre a onça, Cláudia, que atua como pesquisadora no Parque Nacional do Boqueirão da Onça estava em trabalho de campo nas proximidades da reserva. Como estava sozinha e não sabia ao certo da gravidade do problema, a bióloga precisou reunir uma equipe de profissionais de Petrolina e Juazeiro para fazer o resgate, que foi realizado nos primeiros dias do mês de maio. Participaram da ação, além da bióloga Cláudia, dois veterinários do Cemafauna, Fabrício Lima e Fábio Walker; e um biólogo do Batalhão, Josenilton Rodrigues.

O salvamento tinha tudo para ter um final triste. Ela estava em um local de mata fechada, cujo acesso precisou ser feito por rapel. Apesar de a equipe ter conseguido entrar na caverna, o resgate teve que ser interrompido, por conta de enxames de abelha que havia no local. As atividades só foram retomadas alguns dias depois, com a chegada de uma equipe de quatro bombeiros do corpo de bombeiros de Juazeiro, para controlar os enxames. Foi preciso correr contra o tempo, pois as chances de a onça estar morta eram enormes, segundo Cláudia. A ação de resgate teve início durante a noite e se estendeu por toda a madrugada. Somente no início da manhã, após sedar o animal, a equipe conseguiu finalizar o resgate. Estima-se que a onça tenha ficado presa na caverna durante 22 dias.

No momento do resgate, o animal passou por uma avaliação, que constatou que estava pesando 35 quilos e aparentava ter cerca de 10 anos de idade. Sedada, ela foi transportada para a Univasf, em Petrolina, onde recebeu os cuidados da equipe de veterinários, biólogos e zootecnistas do Cemafauna. A onça ficou em um recinto específico para esse tipo de animal, com acesso restrito. O veterinário Fabrício Lima explicou que o contato com seres humanos comprometeria a sua reintrodução à natureza. “Foi por isso que ela veio para cá, por haver segurança”, disse.

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