Causa da ‘doença da urina preta’ pode ser toxina em peixes, diz estudo da Fiocruz

Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) junto com a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador pode responder o que causa a doença de Haff, também conhecida como a “doença da urina preta”.

Os resultados do trabalho apontam que a teoria mais aceita é que os peixes e crustáceos não produzem eles mesmos as toxinas, mas acumulam no seu corpo compostos produzidos por outros organismos, como microalgas, através da cadeia alimentar.

A partir de análise laboratorial de amostras de peixes (sobras de uma refeição relacionada a doença, amostras adquiridas em uma peixaria onde pacientes compraram pescados), a pesquisa detectou compostos do tipo palitoxina nas amostras de espécie de água salgada conhecida como “olho de boi”, que pode ser a provável fonte de contaminação. Não foi detectada a presença de metais como arsênio, cádmio e chumbo nos peixes.

A doença é uma causa rara de rabdomiólise, síndrome provocada por lesão muscular que resulta na elevação dos níveis séricos de creatina fosfoquinase (CPK). Em alguns casos, provoca escurecimento da coloração urina, variando de avermelhada a marrom, característica que tornou a enfermidade popularmente conhecida como “doença da urina preta”.

Pesquisa

A pesquisa buscou descrever as características clínicas dos casos, identificar fatores associados, estimar a taxa de ataque associada ao consumo de um peixe relacionado ao surgimento de casos e investigar a presença de biotoxinas e metais em espécimes de peixes relacionados.

O estudo foi coordenado por Cristiane Cardoso, de Salvador, e pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Guilherme Ribeiro. Foi publicado no periódico Lancet Regional Health – Americas. Contou com o apoio dos colaboradores da Universidade do Paraná e do Instituto Federal de Santa Catarina.

No trabalho, os pesquisadores ressaltam que, devido aos recentes surtos da doença de Haff, especialmente no Brasil, é necessário fortalecer a vigilância epidemiológica e o treinamento médico para detecção de casos suspeitos da doença. Os casos suspeitos devem ser comunicados às autoridades sanitárias para investigação.

Casos em Pernambuco
No início deste ano, duas irmãs que comeram um peixe da espécie arabaiana foram diagnosticadas com a síndrome de Haff. No entanto, uma delas, a veterinária Pryscila Andrade, não resistiu e morreu após ter ficado internada na UTI por complicações da doença.

Outro caso aconteceu em 2017, quando um policial e sua esposa compraram um pescado e consumiram durante uma refeição em casa. Horas depois, o casal apresentou os sintomas e precisaram ficar internados. O policial passou sete dias no hospital e sua esposa precisou fazer hemodiálise. (folhape)

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