Caso Aldeia tem julgamento marcado

Está marcado para os dias 7 e 14 de dezembro, no Fórum de Camaragibe, as audiências de instrução e julgamento do engenheiro Danilo Paes, 23 anos, e da farmacêutica Jussara Rodrigues, 54 anos, suspeitos de matar o médico cardiologista Denirson Paes da Silva, 54. A informação foi repassada para a Folha de Pernambuco pelo advogado Rafael Nunes, à frente da defesa desde o fim de setembro. “Já estávamos esperando dois dias de audiência e julgamento porque são muitas testemunhas e um inquérito extenso”, explicou o jurista.

Ele contou que não pode adiantar como será a defesa da mãe e filho suspeitos de cometer o crime, mas afirmou que insistirá na negativa de autoria por parte de Danilo e, para Jussara, apenas o crime de ocultação de cadáver. “Danilo não participou de nada. E, quanto a Jussara, foi legítima defesa. Ela estava sendo agredida e entrou em luta corporal com Denirson, que veio a cair e bater a cabeça. Depois, com medo de que ele acordasse e continuasse a agressão, segurou o pescoço dele”, explicou.

Jussara confessou ter entrado em luta corporal com o marido na manhã do dia 31 de maio, antes de asfixiá-lo com um “mata-leão”. Durante a briga, ela deu um chute que levou Denirson a bater com a cabeça no chão, o que teria ocasionado o traumatismo no crânio. Com o médico desacordado, ela disse que o esganou e depois trancou o corpo do marido no quiosque próximo à piscina, onde, à noite, o esquartejou, inclusive arrancando o órgão genital da vítima, que foi queimado. “A questão é o esquartejamento para a ocultação do cadáver. E cortar a genital dele fez parte do esquartejamento. Mas tudo se deu após uma briga, onde ela estava sendo agredida”, ressaltou o advogado.

Jussara chegou a dizer à delegada responsável pelo caso, Carmem Lúcia, que tinha sido agredida pelo médico há dois anos, conseguindo uma medida protetiva por meio da Lei Maria da Penha. Eles teriam se reconciliado depois de um tempo e reataram o casamento.

A investigação do desaparecimento do médico teve início em junho. Jussara alegou, em Boletim de Ocorrência registrado no dia 20 do mesmo mês, que o marido teria viajado para o exterior e não havia retornado. A delegada desconfiou do depoimento e solicitou um mandado de busca e apreensão no condomínio em que eles moravam, localizado em Aldeia, Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Na busca policial, realizada no dia 4 de julho, foram encontrados os primeiros restos mortais do médico na cacimba da residência. Para a polícia, havia indícios suficientes da participação de mãe e filho na ocultação do cadáver de Denirson. Em 5 de julho, Jussara e Danilo foram presos temporariamente suspeitos de ocultação de cadáver. Danilo foi encaminhado para o Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everaldo Luna (Cotel), em Abreu e Lima. Jussara foi levada para a Colônia Penal Feminina do Recife.

Os três pedidos de habeas corpus feitos pela defesa de Jussara e Danilo foram negados. No dia 20 de agosto, um laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou asfixia por esganadura como a causa da morte do cardiologista. O inquérito, apresentado no dia 31 de agosto, concluiu que um relacionamento extraconjugal entre o médico e a filha de um paciente dele teria sido a principal motivação do crime. Eles, de acordo com a polícia, se conheceram na clínica em Denirson trabalhava, em 2007. O inquérito foi remetido pela delegada Carmem Lúcia ao Ministério Público de Pernambuco, também solicitando a prisão preventivamente da esposa e do filho, que foram indiciados por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.

No dia 14 de setembro, Jussara, Danilo e testemunhas foram ouvidas novamente. Em seguida, mãe e filho retornaram pela primeira vez ao local do crime, onde participaram de uma reconstituição que durou mais de quatro horas. Todo o material colhido durante esses quatro meses de investigação será analisado no julgamento. O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) foi procurado para repercutir a informação, mas informou que o caso segue em segredo de justiça. (Folha PE).

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