Carne sobe 18% e puxa prévia da inflação em dezembro

A alta dos preços da carne impactaram o índice prévio da inflação brasileira em dezembro, que subiu acima do projetado para o mês, conforme os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (20).
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) subiu 1,05% no mês, ante a um aumento de 0,14% em novembro.

A aceleração superou as expectativas de economistas ouvidos pela agência Bloomberg e pela Reuters, cujas estimativas para o mês previam ambas um avanço de 0,95%.

A forte alta ocorreu sob o peso dos preços das carnes, que avançou 17,7% na relação dezembro com novembro, com um impacto no indicador final de 0,48 ponto. O aumento foi impactado tanto pelo preço do contrafilé (20,1%) e filé-mignon (14,11%) quanto da carne de porco (7,3%).

“Além da questão dos chineses, há o consumo de fim de ano. Nessas épocas de festas, o brasileiro acaba consumindo mais carne”, disse André Braz, economista do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getulio Vargas).

​”Com o passar das festas, a tendência [de consumo de carne] deve diminuir. Não é que a situação da carne vá melhorar, mas o preço vai deixar de subir nesse ritmo.”

O nível do IPCA-15 de dezembro deste ano foi o mais alto para o indicador desde junho de 2018 (1,11%) e o mais forte para o mês desde 2015 (1,18%).

Mesmo com o forte avanço, no acumulado de 12 meses o índice fechou em 3,91%, ainda abaixo do centro da meta do BC (Banco Central), de 4,25% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Em novembro o acumulado foi de 2,67%.

Devido ao movimento da carne, o grupo de alimentação e bebidas apresentou a maior variação ao subir 2,59%, de alta, ante de 0,06% em novembro.

Contribuíram ainda para o resultado do grupo, com forte peso no bolso do consumidor, outros itens como o feijão-carioca (20,38%) e as frutas (1,67%).

O banco Goldman Sachs, em seu relatório sobre o índice, também alertou para o peso da alta nos preços das passagens aéreas (15,6%) e das loterias (36,7%).

No caso dos bilhetes aéreos, a alta variação impactou o desempenho dos preços do setor de transportes, que avançou 0,9% em dezembro, ante a alta de 0,3% em novembro. Na avaliação de Braz, esse movimento nos preços das passagens de avião devem cair no índice de janeiro.

“O IBGE leva em consideração passagens compradas com 60 dias de antecedência. Claro que se você chegar no balcão em janeiro o preço vai estar alto, mas no recorte do instituto deve ter um queda de 6% ou 7%.”

Segundo o economista da FGV, a projeção é que o índice da inflação em janeiro ceda e fique próximo de 0,5%.

O movimento deve ocorrer tanto pela desaceleração dos preços da carne e pela queda no valor das passagens de avião, quanto pela bandeira verde na conta da energia elétrica e por uma possível revisão nos preços da gasolina.

“Esse é um período em que chove bastante, então os níveis das hidrelétricas aumenta, podendo alterar a bandeira da conta de luz para verde. Também se a taxa de câmbio continuar recuando, pode ser que a Petrobras reveja o valor da gasolina, e isso impacte também o indicador”, disse.

Braz afirmou, no entanto, que os preços de produtos de feira livre (hortaliças, legumes e verduras) devem manter uma alta no começo do ano.

Diante do cenário de inflação fraca, o Banco Central reduziu no início do mês a taxa básica de juros Selic em 0,5 ponto pela quarta vez consecutiva, à nova mínima histórica de 4,5%. Mas indicou cautela em relação aos juros dali para frente em meio a uma retomada econômica com mais ímpeto

Contratos de juros futuros projetavam na quarta-feira (18) elevação perto de 1 ponto percentual da Selic ao longo de 2020.

O BC também passou a ver menos riscos baixistas para a inflação, ao passo que elevou suas projeções para o IPCA neste ano, deixando-o mais perto da meta oficial. (FolhaPE)

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