Brasil deve abrir pelo menos 500 mil vagas de emprego formais em 2018

A economia está reagindo e os empregos começam, aos poucos, a ressurgir. Após dois anos de recessão, não há dúvidas de que a recuperação do mercado de trabalho será lenta e gradual, tal como o ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2017, o mercado informal ajudou no processo de redução da massa de desempregados, efeito que deve se repetir no próximo ano, incluindo alguma melhora também sobre o mercado formal.

Pelo avanço da geração de riquezas, a criação de vagas vai se manter em trajetória ascendente em 2019. Mas, para isso, há desafios que precisarão ser cumpridos. Não somente a atual política econômica, como também o próximo presidente da República, deverá buscar o equilíbrio das contas públicas, a fim de evitar a perda da confiança dos agentes econômicos, e a manutenção do resgate de investimentos.

A depender de uma sinalização bem-feita da política fiscal, o economista Bruno Ottoni, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), prevê a criação líquida de cerca de 514,5 mil vagas formais em 2018, e de 771 mil postos em 2019. Ou seja, as admissões superarão as demissões em quase 1,3 milhão de vagas no acumulado dos dois anos. Um sinal de que a formalização voltará a crescer.

Em 2019, a taxa média de desocupação, segundo o Ibre, deve encerrar o ano em 11,9%. Uma ligeira desaceleração em relação a 2018, quando a média deve ficar em 12,4%. Tudo pode variar, para uma desaceleração maior — a depender de uma recuperação mais rápida da economia — ou para um aumento das projeções — a depender do ajuste das contas públicas —, alerta Ottoni.

“A sinalização de um cenário fiscal mais comportado ajuda os juros a ficarem mais baixos, gerando mais dinâmica positiva. Investir se torna uma alternativa mais viável e a captação de recursos mais barata no mercado de crédito para gerar investimentos. Uma sinalização contrária geraria um efeito oposto”, adverte.

Estímulo

O ritmo de recuperação do mercado de trabalho será ainda mais lento do que qualquer outro componente da economia. Como a geração de empregos é muito dependente da confiança e das expectativas das empresas, é necessário que a economia mantenha o ritmo de crescimento para que as empresas se sintam estimuladas a investir. Seja coma a criação de novos parques industriais, na inauguração de novas lojas, seja na expansão de alguma unidade empresarial. Efeito que tende, naturalmente, a elevar a necessidade de ampliação da mão de obra.

Os primeiros sinais de reação da economia já foram dados. Com a desaceleração da inflação e queda dos juros, o consumo está, gradualmente, melhorando. O aumento da demanda é fundamental para que as famílias gastem com bens e serviços, e, consequentemente, estimulem as indústrias a produzirem mais. Para garantir a sustentabilidade desse quadro, o equilíbrio fiscal é imprescindível. E uma reforma da Previdência se faz mais do que necessária.

Sem ao menos uma sinalização aos mercados de que as contas públicas serão equacionadas, os investidores podem aportar os recursos em mercados externos. O efeito direto disso seria aumento do dólar em relação ao real, elevação da inflação, e, consequentemente, alta dos juros. Uma conjuntura perversa e adversa que favorece o investimento das empresas no financiamento da dívida do governo, e não em capital físico, como infraestrutura, e humano. (Correio Braziliense).

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