Barreiras (BA): Polícia apura se adolescente de 14 anos planejava matar mais pessoas em tiroteio em escola por Edenevaldo Alves Postado em 27 de setembro de 2022 Um jovem de 14 anos matou, ontem, a estudante e cadeirante Geane da Silva Brito, de 19 anos, numa escola em Barreiras (BA). O adolescente, cujo nome não foi divulgado, entrou na Escola Municipal Eurides Sant’Anna e efetuou disparos contra os alunos, que saíram correndo e tentaram se proteger na quadra. De acordo com uma testemunha, ele acertou Geane algumas vezes e, depois que as balas acabaram, a esfaqueou. “O menino entrou na escola vestido de preto, deu um tiro na porta, lá dentro deu outro tiro. Os meninos correram para a quadra, mas o instrutor mandou sair e ir para o fundo da escola. Aí todo mundo conseguiu sair do colégio”, explicou um dos jovens que testemunhou o ataque. Além da arma que usou para cometer o crime — um revólver calibre 38 —, o jovem levava ainda duas facas e estava de óculos escuros. Ele, porém, foi parado por alguém que atirou nele e o feriu gravemente. De acordo com a prefeitura do município, o autor do disparo ainda não foi identificado. “A Secretaria de Educação com todo seu corpo técnico e a Polícia Militar acompanham o caso, promovendo todo apoio e assistência aos estudantes e seus familiares com toda a responsabilidade que a situação requer, diante de tão inesperada tragédia”, disseram. O material encontrado com o adolescente foi apreendido e apresentado na 11ª Coordenadoria Regional do Interior (Coorpin). Um porta-voz da Polícia Militar da Bahia disse, em entrevista, que ainda não há como afirmar se a vítima era o alvo do atirador. “Para identificá-lo, é necessário saber primeiro qual será o resultado da cirurgia. Assim, será possível efetuar todos os procedimentos legais”, relatou. Após ser atingido, o atirador foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e passou por uma cirurgia no Hospital Geral do Oeste, segundo informações da Rádio Oeste Barreiras. O estado de saúde do rapaz não foi informado até o fechamento desta edição. Suspeitas A polícia trabalha para traçar a personalidade do atirador. Em um perfil extremista, foram encontrados alguns indícios de que o jovem já premeditava o atentado. Ele se considerava “um ser iluminado” e anunciava que sua ira seria externada em “um ato sanguinolento”. O atirador é filho de um policial, que, segundo as investigações, teria se mudado recentemente de Brasília — onde Geane fazia tratamento na Rede Sarah. Provas que estão sendo analisadas pela polícia mostram que o rapaz apresenta traços de radicalismo e preconceito. Em um manifesto publicado três dias antes do crime, o suspeito se diz “superior” às outras pessoas, informa que “não aceitava estar no mesmo lugar” de outras do seu convívio e que “merecia mais”. Em um perfil no Twitter, que está em análise pela polícia, o atirador fala sobre o ódio à escola e sobre o desprezo de ter se mudado para o Nordeste. “A cada dia que vou à escola, sinto-me subjugado, se misturar (sic) com eles é nojento, é estupidamente grotesco, sinto ânsia de vômito quando um deles me tocam (sic). Sou puro em essência, mereço mais que isso, sou sancto (sic)”, escreveu. O adolescente prometeu, ainda, fazer as pessoas “clamarem pela minha misericórdia, sentirão a ira divina”.