Bancada pernambucana está dividida sobre apoio a Bolsonaro

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) não conquistou maioria entre os pernambucanos, no último domingo, ficando com 1,6 milhão de votos ante os 3,2 milhões obtidos por Fernando Haddad (PT). A reportagem da Folha de Pernambuco demonstra que a composição prévia da bancada federal de Pernambuco na Câmara dos Deputados reflete essa divisão: apenas sete dos 25 parlamentares admitiram dar base ao governo do pesselista. Entre os oposicionistas – onde prevalece o perfil de esquerda – estão 10 deputados do PSB, PT, PDT e PCdoB. A conjuntura, entretanto, dá sinais de que o Legislativo não apresentará dificuldades intransponíveis ao novo chefe do Executivo.

Quatro congressistas se declararam independentes – votando o que for do interesse da população – e quatro ficam indefinidos (por opção ou porque não atenderam às chamadas partidárias). Entre os senadores, Jarbas Vasconcelos e Fernando Bezerra Coelho, do MDB, optaram pela independência, enquanto o petista Humberto Costa fará oposição. “Nosso mandato é uma trincheira de resistência”, disse Humberto ontem, na tribuna.

Há uma expectativa de que PSD, SD, PSC, DEM e PP – partidos ligados ao Centrão – convirjam para a base bolsonarista no Congresso. O PP, especificamente, é o partido onde Bolsonaro passou 10 anos antes de se filiar ao PSL de Luciano Bivar, por onde concorreu à Presidência. A relação com o deputado Eduardo da Fonte (PP), entretanto, parece ter sido preservada. “Temos obrigação de aceitar o resultado das eleições. Nós vamos dar governabilidade ao novo governo, mas temas polêmicos vão ser analisados”, afirma Eduardo.

Essa é a linha defendida por André de Paula (PSD), que pleiteia a liderança do partido na Câmara e deve seguir o entendimento coletivo. “A posição do partido reflete o que quer a ampla maioria da bancada (de 34 parlamentares). Pelo menos 25 estiveram com Bolsonaro do ponto de vista eleitoral. Pelo menos 20 estiveram desde o primeiro momento. Foi uma posição natural. Se a ampla maioria quer, não tem muito o que discutir”, esclarece. Eleitor do PSDB, Augusto Coutinho (SD) escolheu Bolsonaro no segundo turno, devido às afinidades programáticas, apesar de o governador Paulo Câmara (PSB), de quem Coutinho é aliado, ter preferido Haddad.

Há, inclusive, parlamentares de outros partidos que não coligaram, mas que colaram – por estreita afinidade ideológica – na campanha de Bolsonaro, como é o caso do Pastor Eurico (Patri) e de Fernando Rodolfo (PHS). “Eu estava com Bolsonaro desde o começo. Agora todo mundo vai correr para a base. Não tiveram coragem de dar a cara antes, agora é comum, vai pra onde a maré está dando, mas eu sou uma pessoa de posição”, afirma o Pastor Eurico.

O PRB, dos deputados Silvio Costa Filho e Bispo Ossesio Silva, ainda não fechou questão, mas, segundo informações de bastidores, está perto de apoiar Bolsonaro – especialmente pelo apelo da bancada evangélica. “Eu acho que, por Bolsonaro não ter vencido no Nordeste, isso aumenta a responsabilidade dele com a região”, disse Silvio. Raul Henry (MDB), Daniel Coelho (PPS) e Sebastião Oliveira (PR) firmaram posição de independência. “O Brasil contará comigo para apoiar as medidas em favor da nação”, declarou Daniel, nas redes sociais, garantindo que oferecerá “críticas construtivas”.

No campo da oposição, há uma nova configuração de forças com PT de um lado e PDT do outro. Os petistas devem definir a tática parlamentar em reunião do diretório nacional, no próximo mês. “É óbvio que a gente vai se manter incondicionalmente na oposição, nem o próprio presidente eleito desceu do palanque, continua agredindo a imprensa, diferente do discurso que escreveram para ele ler, na ocasião da vitória”, disparou Marília Arraes (PT).

Já os pedetistas estão se articulando com o PSB e o PCdoB, buscando fazer “oposição com conteúdo”. “O nosso principal aliado é o PSB. Não teremos convergência com o PT. O PT errou muito na forma de se fazer oposição no País, tiveram um discurso de ‘nós contra eles’. A gente precisa inovar na forma de fazer oposição, com coerência”, afirma Tulio Gadêlha (PDT). “A gente espera que ele retire o coturno pra assumir a faixa de presidente da República”, declarou Tadeu Alencar, líder do PSB.

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