Bahia tem o segundo maior índice de homicídios de crianças e lidera casos de violência sexual no Nordeste por Edenevaldo Alves Postado em 29 de outubro de 2021 Um estudo divulgado nesta semana pela Rede de Observatórios da Segurança, aponta dados preocupantes para a Bahia em relação à proteção das crianças. Segundo o relatório, em dois anos, a Bahia tem o segundo maior índice de homicídios de crianças entre os cinco estados monitorados pela Rede. Além disso, a Bahia é o estado com mais casos de violência sexual entre os monitorados do Nordeste e ainda lidera os casos de agressão física contra crianças na região. Para o historiador Dudu Ribeiro, coordenador da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia e co-fundador da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, os dados refletem a falta de políticas públicas, especialmente para a população negra. “Esse estudo reforça que há um quadro estrutural de distribuição da morte enquanto política de estado. E que ela opera a partir de diversos instrumentos, seja de segurança pública, seja do sistema socioeducativo, seja também nos próprios equipamentos educacionais ou na ausência de equipamentos de cultura no acesso à saúde. Esses dados são reveladores de um processo histórico de distribuição desigual de possibilidades de vida oferecidas pelo estado para população negra, e mais do que isso, são reveladores de uma distribuição direcionada da morte enquanto por isso cedo estado”, crítica Dudu Ribeiro Os dados integram o boletim Infância Interrompida: números da violência contra crianças e adolescentes da Rede de Observatórios da Segurança. O levantamento, que apresenta dados de junho de 2019 a maio de 2021, foi feito pelas pesquisadoras da Rede em cinco estados: Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Os estados do Piauí e Maranhão chegaram na Rede em agosto desse ano e ainda não estão nesse apanhado. De acordo com o boletim, foram relatados 1473 eventos ou um registro a cada 12h, entre casos de violência letal, sexual e institucional, monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança em dois anos. Segundo o órgão responsável pelo estudo, a maior parte dos crimes é cometido por familiares e praticado em lugares que deveriam ser de acolhimento e segurança. Um quadro agravado durante a pandemia. No total, após a observação dos dados dos cinco estados, é possível notar um aumento de 10,3% de registros de violência contra criança e adolescente nos primeiros cinco meses deste ano.