Audiência Pública reúne milhares para protestar contra grilagem em Casa Nova (BA)

Duas empresas, originárias de Minas Gerais, de acordo com o cadastro na prefeitura, conseguiram mobilizar milhares de pequenos proprietários, agricultores familiares, trabalhadores rurais e camponeses sem terra para uma audiência pública, em uma localidade a 50 quilômetros da sede de Casa Nova, município no norte da Bahia. Rancho Alegre nunca tinha visto tanta gente junta.

No mesmo tom diversos outros oradores, abrangendo um pastor e padres, Pastoral da Terra e Movimento Sem Terra, sindicato dos trabalhadores rurais, vereadores, secretários municipais e o representante do governo da Bahia, Secretário Josias Gomes e deputados estaduais.

“Antigamente” – disse a representante da Pastoral da Terra – “Eles vinham com armas e expulsavam os verdadeiros donos com ameaças e muitas vezes resultando em morte. Agora vem com documentos e contam com a corrupção nos cartórios e a falta de interesse da justiça”.

A audiência resultou em uma ata, com os depoimentos e testemunhos a ser encaminhado ao Ministério Público, uma comissão que acompanhará de perto o andamento dos procedimentos para anular, investigando a origem e quem os concedeu, as escrituras das terras em nome das empresas.

Além destes procedimentos legais, haverá mobilização permanente e ação política dos deputados da região em defesa dos atuais moradores.

Entenda o caso: Empresas apresentam documentos e começam a tomar posse de um terço do território de Casa Nova

Duas empresas, uma delas identificada como Bioma Terra Nova Participações Ltda., começaram por desmatar áreas desabitadas e demarcar para cercar, quase 600 mil hectares de terras no município de Casa Nova.

A área, de uma das empresas, identificada no mapa corresponde a mais de um terço do território total do município, engloba comunidades centenárias, fazendas e até parte da área de um residencial na sede do município.

A notícia da presença de dezenas de trabalhadores e máquinas, além de pessoas visitando agricultores nas localidades que se situam dentro das áreas, comunicando que terão de deixar suas terras, espalhou o pânico por todo o interior de Casa Nova.

Riacho Grande, uma comunidade que já foi cenário de grilagem na década de 70, que resistiu e na época travou uma guerra na defesa das terras, já recebeu as visitas, declarando-se proprietários, comunicando que terão de sair das suas propriedades, podem levar seus utensílios domésticos e o arame da cerca.

A área definida como de propriedade destas empresas abrange território do vizinho município de Remanso.

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