Análise indica que o primeiro caso de Covid-19 foi em mercado da China

Um texto publicado na revista Science traz novas informações que acentuam as dúvidas sobre como e onde começou a pandemia do novo coronavírus. Michael Worobey, pesquisador da Universidade do Arizona e um dos principais especialistas em rastreamento da origem de vírus nos Estados Unidos, relata, em um artigo revisado por pares, que a primeira pessoa infectada pelo Sars-CoV-2 em Wuhan, na China, foi contaminada no mercado de frutos do mar Huanan. Porém um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), que mandou um grupo de renomados especialistas para a cidade chinesa, indica que o primeiro caso é de um contador que vivia a ao menos mil quilômetros de distância do mercado.

O artigo de Worobey também sinaliza que o vírus foi transmitido de um animal para os humanos, o que enfraquece a hipótese de que o Sars-CoV-2 “escapou” de um laboratório. No entanto, no texto, o próprio cientista afirma que não há prova definitiva de como a pandemia começou. Em maio, ele assinou um artigo, também publicado na revista Science, em que vários cientistas pediam mais pesquisas que avaliassem a hipótese de vazamento do micro-organismo.

Agora, após uma análise geográfica e histórica — que considerou informações referentes a dezembro de 2019 e janeiro de 2020, além de literatura científica e reportagens jornalísticas —, Worobey concluiu que a primeira vítima da Covid-19 foi uma vendedora de frutos do mar que manifestou os sintomas da doença em 11 de dezembro. A maioria dos primeiros casos foi associada ao mesmo local, especificamente na seção oeste do mercado, onde animais sabidamente suscetíveis a coronavírus foram enjaulados.

Segundo o documento da OMS, um contador de 41 anos que não tinha ligações com o centro comercial adoeceu em razão da infecção pelo coronavírus três dias antes. Pela investigação de Worobey, as complicações surgidas em 8 de dezembro eram, na verdade, em decorrência de problemas odontológicos. O homem realmente teve a Covid-19, cujos sintomas apareceram em 16 de dezembro — o que o levou a uma internação seis dias depois. Em entrevista ao jornal The New York Times, Peter Daszak, um dos cientistas que fez parte da missão da OMS na China, disse estar convencido de que o trabalho de Worobey indica a cronologia correta. “A data de 8 de dezembro foi um erro”, admitiu.

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