‘Abrir mais leitos não é suficiente’, diz diretor da OMS sobre Covid-19

O diretor-executivo do Programa de Emergências em Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, afirmou nesta sexta-feira (26), ao ser questionado pelo Correio, que apenas abrir mais leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) não é uma medida efetiva o suficiente no âmbito da pandemia do novo coronavírus. O sistema de saúde em diversos estados brasileiros está em colapso, com taxas de ocupação de leitos de UTI para pacientes com Covid-19 acima de 90%.

“O seu sistema de saúde ficará transbordando se a força da infecção, se a trajetória dos casos estiver aumentando. E o seu sistema não pode cobrir hoje e certamente não irá cobrir amanhã se essa pressão continuar no sistema. Então, sim, é sempre bom fortalecer a capacidade da saúde, é sempre bom conseguir abrir mais leitos e transferir trabalhadores da Saúde para áreas com menos pressão para ajudar equipes em outras áreas. Tudo isso é bom, mas só isso não é suficiente”, afirmou.

Sobre as variantes do vírus, e o possível impacto no aumento de casos no país e o colapso dos sistemas, o diretor afirmou que “a contribuição de variantes na situação não é inteiramente compreendida nesse caso específico”.

“Mas nós sabemos que nos países que estão aplicando medidas consistentes e persistentes em termos de saúde pública e medidas sociais e ações individuais que isso está afetando a trajetória de todas as variantes. e apesar de algumas variantes mostraram a propensão para altos níveis de transmissão, o que é claro é que as medidas de controle designadas estão afetando e levando-os (a quantidade de casos) para baixo”, pontuou.

O diretor lamentou a situação vivida no Brasil, dizendo que é uma tragédia que o país esteja encarando isso novamente. “É difícil. É a quarta vez para o Brasil, eu acredito, pelo menos. A situação no Brasil melhorou em algumas áreas, e em outras não. Eu não acho que tenha havido um momento no último ano em que alguma parte do Brasil não tenha sido profundamente afetada por essa pandemia. É muito difícil e nós deveríamos tirar um momento para mostrar solidariedade ao povo brasileiro e prestar a assistência necessária para que eles lidem com essa doença. Mas novamente, o Brasil é um país muito capaz e tem várias instituições científicas e de saúde pública fantásticas”, afirmou.

O diretor frisou que é preciso controlar a transmissão no país, uma vez que está ocorrendo em nível comunitário. “Muitas partes do Brasil sofreram intensa transmissão comunitária por um período muito prolongado. Tem sido muito difícil para brasileiros e para o Brasil. É muito difícil em um país muito populoso, onde as pessoas vivem em casas com pessoas de diversas gerações, casas com muitas famílias, muitos vivendo em áreas periurbanas, onde a pobreza e falta de acesso é um problema grande”, afirmou.

De acordo com ele, é perigoso qualquer “relaxamento” nas medidas que evitam a transmissão do coronavírus no momento (como distanciamento social e uso de máscara). “Precisamos estar cientes de que esse vírus ainda tem muita energia. E se as medidas que aplicarmos não forem persistentes, continuando a suprimir a transmissão enquanto introduzimos as vacinas, nós vamos pagar o preço”, ressaltou.

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