77% dos acidentes com queimaduras acontecem em casa, idosos são as principais vítimas; dizem médicos

O dramaturgo Zé Celso Martínez morreu na manhã desta quinta-feira (6) em São Paulo. O estado de saúde do dramaturgo havia tido um agravamento na quarta-feira (5), quando desenvolveu quadro de insuficiência renal. Desde então, o quadro se agravou, sem que ele conseguisse responder ao tratamento. O diretor teve falência dos órgãos na manhã desta quinta.

Estima-se que no Brasil, cerca de um milhão de pessoas são vítimas de acidentes com queimaduras. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, 77% dos casos acontecem em casa — sendo os idosos e as crianças as principais vítimas.

“O risco de morte aumenta muito quando a vítima de queimadura é idosa, pela falta de reserva dos órgãos, coração, pulmão e rins, se não foram bem cuidados durante a vida, tem reserva muito baixa para aguentar um trauma tão agressivo e complexo como a queimadura” diz Alfredo Gragnani, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e responsável pelo Setor de Queimaduras do Hospital São Paulo – Hospital Universitário da Unifesp.

Em casos mais simples, é possível a cura somente com a troca de curativos e pomadas cicatrizantes para regeneração do tecido. Já os casos mais graves requerem maior cuidado, com possibilidade de cirurgias de enxerto ou por meio da transferência de pele e tecidos irrigados por artérias até o local da queimadura.

“A queimadura é um dos piores danos que nosso corpo pode sofrer, desencadeando uma série de inflamações. Algumas lesões associadas, causadas pelo mecanismo de trauma, podem piorar o prognóstico desses pacientes, por exemplo, incêndios em lugares fechados, pois estes causam lesões inflamatórias induzidas pelo dióxido de carbono, provocando um processo inflamatório intenso nas vias aéreas” afirma Gragnani.

O tratamento de queimaduras também é influenciado pelo tipo de perda estética, que pode variar desde mudanças na cor da pele, até a perda de tecido. No caso do dramaturgo, por exemplo, ele teve cerca de 53% de seu corpo queimado pelas chamas.

“Em casos graves, com 40% ou mais de área corporal comprometida, ocorre um gasto enorme de energia para manter o organismo em funcionamento, o que pode impactar diretamente na imunidade, podendo levar a mais complicações e óbitos” explica o cirurgião.

O tratamento aos queimados exige o trabalho de uma equipe multidisciplinar, em que o cirurgião plástico é um dos mais importantes profissionais em casos de pacientes com queimaduras severas, agindo não somente na recomposição estética da área lesionada, mas também auxiliando na reabilitação de locais específicos que têm sua mobilidade e funcionalidade afetadas, especialmente em áreas de dobras como pescoço, cotovelos e axilas.

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