Machado diz que, a pedido de Temer, passou R$ 1,5 milhão de propina

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O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado disse que, a pedido do presidente interino Michel Temer (PMDB), repassou R$ 1,5 milhão em propinas para a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo. Os valores foram pagos em 2012 por meio de doação oficial, depois que o governante provisório teve uma conversa com o ex-executivo da estatal na Base Aérea de Brasília. Ao todo, Machado listou 20 políticos como alvo de subornos no esquema de corrupção sob investigação da Lava-Jato.

“O contexto da conversa deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o depoente era que este solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial para a campanha de Chalita”, justificou Machado, em depoimento em delação premiada prestado no Rio de Janeiro em 6 de maio passado. “Ambos acertaram o valor, que ficou em R$ 1,5 milhão”. A empresa que fez a doação foi a Queiroz Galvão

Em conversa gravada em 10 de março deste ano, Machado e o ex-presidente José Sarney mencionam o episódio. O ex-presidente da Transpetro faz a referência à doação com a expressão “pro Michel eu dei”.

Em sua delação premiada na Lava-Jato, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado listou os nomes de 20 políticos que teriam recebido propinas no esquema de corrupção na subsidiária da Petrobras e também o presidente em exercício Michel Temer (PMDB) que, segundo o delator, teria pedido a ele recursos ilícitos para a campanha de Gabriel Chalita (PMDB) à Prefeitura de São Paulo em 2012.

Segundo o delator, todos os políticos citados por ele “sabiam” do funcionamento do esquema de corrupção capitaneado por ele na estatal e “embora a palavra propina não fosse dita, esses políticos sabiam, ao procurarem o depoente, não obteriam dele doação com recursos do próprio, enquanto pessoa física, nem da Transpetro, e sim de empresas que tinham relacionamento contratual com a Transpetro”. Ainda segundo Machado, nenhuma das doações solicitada por ele às empresas era lícita.

De acordo com Machado, empreiteiras que mantinham contrato com a estatal realizavam pagamentos mensais de propinas para políticos, parte por meio de entrega de dinheiro vivo e parte por meio de doações oficiais como forma de garantir os contratos com a estatal que era área de influência do PMDB. O delator assumiu a presidência da estatal em 2003, por indicação do presidente do Senado Renan Calheiros, dos senadores Jader Barbalho, Romero Jucá e Edison Lobão e do ex-presidente José Sarney, todos da cúpula do PMDB e que foram beneficiados com propinas do esquema. (CB)