O gerente de internação do Centro Educacional Masculino (CEM), Herbert Neves, revelou que os três coautores do estupro coletivo suspeitos de assassinar Gleison Vieira da Silva, 17 anos, não demonstraram remorso ou arrependimento ao relatar o ato criminoso. O adolescente foi espancado até a morte dentro da cela que o grupo dividia na quinta-feira (16). Ele e os outros três coautores são responsáveis pela barbárie contra quatro meninas que chocou o país.
“Os acusados não falaram a motivação do crime, mas acredito que houve uma discussão entre eles e o Gleison, porque ele foi o delator do estupro. Os três confessaram ter matado o companheiro e explicaram como fizeram isso. Percebi a frieza deles em comentar o ato, como se fosse algo banal. Não demonstraram nenhum remorso ou arrependimento o que mostra o grau de periculosidade destes menores”, declarou.
Segundo Herbert Neves, os adolescentes não utilizaram nenhum objeto para matar Gleison Vieira e que o crime aconteceu durante o banho. “Um dos menores relatou que deu uma ‘gravata’ na vítima, para imobilizar e impedir que ela gritasse. Depois os três menores iniciaram uma sessão de espancamento, atingindo principalmente a cabeça de Gleison”, falou.
Após perceber a agitação na ala E, um educador correu até a cela e conseguiu retirar Gleison ainda com vida. Equipes do Serviço Móvel de Urgência (Samu) e do Corpo de Bombeiros foram acionadas e prestaram todo o atendimento dentro do Centro Educacional, mas o jovem não resistiu aos ferimentos e faleceu.
Para Herbert Neves, a morte de Gleison foi uma surpresa para toda a equipe do CEM, porque os quatro adolescentes estavam se dando bem e por este motivo dividiam a mesma cela.
“Sabíamos da ameaça dos demais internos aos condenados, mas desconhecíamos existir algum atrito entre eles. Tanto que no dia da internação no CEM, conversei com os quatro por cerca de 40 minutos e todos concordaram dividir a mesma cela. Os menores tinham medo de represálias”, disse.
Mas o juiz Antonio Lopes da 2ª Vara da Infância e Juventude em Teresina comentou que o Centro Educacional Masculino (CEM) poderia ter sido palco de uma chacina, já que os adolescentes vinham sendo ameaçados de morte pelos demais jovens da unidade.
“Eles [os internos] disseram que os agressores tiveram foi sorte, porque iriam matar os quatro. Poderia ter sido uma chacina. Há 14 anos vejo que o estado não tem cumprido o que estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente, que é manter separados menores com alto grau de agressividade, a exemplo de estupradores, e quando há riscos para a integridade física deles”, disse o juiz.
Entenda o caso
No dia 27 de maio, quatro adolescentes foram brutalmente agredidas, estupradas e depois jogadas do alto de um penhasco em Castelo do Piauí, a 190 km de Teresina. Uma das jovens morreu após 10 dias internada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT). As outras três também ficaram hospitalizadas e já receberam alta.
Os quatro adolescentes suspeitos de participação no crime foram apreendidos horas após a barbárie. Um quinto suspeito, Adão José de Sousa, 40 anos, foi preso dois dias depois. (G1 Piauí).